Pequim recebeu hoje a oitava edição da Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês), na qual China, Rússia e países da Ásia Central debateram medidas para garantir a recuperação dos setores financeiro e econômico, devido à crise global.
O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, recebeu os chefes de Governo de Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Uzbequistão, assim como representantes do Afeganistão, que participaram como convidados, e os de Índia, Irã, Mongólia e Paquistão, como observadores.
Entre os líderes que viajaram a Pequim, as presenças do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin – que ontem assinou acordos bilaterais com a China no valor de US$ 3,5 bilhões- e de Mohammad Reza Rahimi, vice-presidente do Irã, foram os destaques.
Pequim e Moscou são os principais pilares da SCO, enquanto o Irã tem o objetivo de ser aceito como membro de pleno direito da organização, que foi criada com o fim de lutar contra o extremismo, o separatismo e o terrorismo.
Segundo a agência oficial "Xinhua", durante a reunião, realizada a portas fechadas, as delegações abordaram temas sobre cooperação econômica e cultural.
Em declarações transmitidas pela cadeia oficial chinesa de televisão "CFTV", após a assinatura do orçamento da SCO para 2010, no encerramento da reunião, Wen proclamou "um futuro glorioso de paz e prosperidade para a região".
O primeiro-ministro chinês afirmou que a reunião serviu para "fortalecer a cooperação econômica multilateral, abordar a crise financeira global e assegurar o desenvolvimento econômico", mas não entrou em detalhes sobre os acordos e compromissos alcançados.
"A China presta muita atenção na SCO. Esta reunião demonstrou que os países da região estão profundamente interessados em expandir a cooperação mútua para sua parte do crescimento estável e a longo prazo", disse o primeiro-ministro chinês.
Putin concordou com seu colega chinês e declarou que "a Rússia considera o desenvolvimento da SCO uma prioridade de sua política externa".
"O pacto assinado criará boas oportunidades. Permitirá que asseguremos a coordenação das medidas anticrise", afirmou o ex-presidente russo.
A SCO foi fundada como uma aliança regional de cooperação sobre segurança e luta antiterrorista, diante dos problemas fronteiriços gerados pela desintegração da antiga União Soviética (URSS), assuntos que também estiveram hoje sobre a mesa de discussão, no Grande Palácio do Povo, em Pequim.
Dias antes da reunião, o vice-ministro de Assuntos Exteriores da China, Wang Guangya, afirmou que a organização deveria enfrentar "novos problemas, novas ameaças e novos desafios", em referência ao islamismo radical.
"Os membros da SCO vão aumentar durante esta reunião sua determinação para lutar conjuntamente contra o terrorismo", declarou o diplomata chinês.
No entanto, nos últimos tempos, a China impulsiona o enfoque econômico da organização, com a assinatura de diversos acordos comerciais e energéticos, como o firmado ontem com a Gazprom durante a visita oficial de Putin, que determina o fornecimento de 70 bilhões de metros cúbicos de gás natural nos próximos anos.
A capacidade energética da SCO é outro dos pontos-chave da organização, já que seus membros acumulam três quintos do território da Eurásia e quase a metade das reservas provadas de gás do mundo.
Criada em 1996, a SCO adotou seu formato atual de seis membros após a admissão do Uzbequistão em 2001.
A próxima cúpula de chefes de Governo da SCO, prevista para o final de 2010, será realizada no Quirguistão. EFE