Famílias menores, mais gente morando só e mais pessoas que se declaram de cor parda. Os brasileiros vivem cada vez mais, principalmente as mulheres, que ainda são maioria na população: há 5,1 milhões de mulheres (quase uma população do Paraguai, que é de 6 milhões de pessoas) a mais do que homens.
Essas são algumas das conclusões da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A pesquisa serve como um retrato do Brasil em números.
Uma boa notícia: o trabalho infantil caiu acentuadamente na faixa entre 5 e 13 anos de idade. Nesse período da vida, no qual o trabalho é considerado ilegal no Brasil, houve queda de 19,2% em um ano (de 2007 para 2008, ano em que a pesquisa divulgada hoje foi feita) na quantidade de crianças e adolescentes com ocupações remuneradas ou não remuneradas. Mas ainda há 883 mil crianças e adolescentes de 5 a 13 anos trabalhando no Brasil.
O brasileiro está um pouco mais "endinheirado". O rendimento médio dos brasileiros que têm ao menos um trabalho remunerado cresceu, em 2008, 1,7% acima da inflação e atingiu R$ 1.036, no quarto ano seguido de aumento. Em 2007, o valor estava em R$ 1.019. A média de renda vem aumentando pelo menos desde 2004, mas o ritmo de crescimento passou a diminuir a partir de 2006. No ano passado, a alta foi a menor desde 2005.
O aumento da renda se reflete no acesso a bens de consumo. No Brasil, 82,1% das pessoas têm telefone. Sinais dos tempos modernos é o declínio da telefonia fixa: mais de 40% das casas de quatro regiões do Brasil têm apenas celular para fazer ligações. Computador é outro item que aparece em cada vez mais residências pelo país: já são 31,2% os domicílios com computador (um ano antes eram 26.5%), e 23,8% os que têm acesso à internet.
Mas os números mostram que alguns problemas que parecem ser do passado persistem em pleno século 21: moradores 9,2 milhões de residências ainda dependem de poços, nascentes, carros-pipa ou da chuva para beber água, cozinhar e tomar banho. Já cerca de 2,2 milhões de casas não contam com nenhum tipo de escoamento para o esgoto.
O índice de analfabetismo do país caiu pouco. O Brasil ainda tem 14,2 milhões de analfabetos com 15 anos ou mais. Um em dez brasileiros com 15 anos ou mais não consegue ler ou escrever um bilhete simples. A taxa de analfabetismo divulgada neste ano na Pnad é de 10%, dado semelhante ao ano passado, quando a taxa ficou em 10,1%.