A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ, em inglês) e diversas organizações americanas do setor condenaram hoje a investigação das autoridades militares dos EUA sobre os profissionais de imprensa que cobrem o conflito no Afeganistão.
Os jornalistas que buscam a proteção das tropas americanas para viajar e trabalhar no Afeganistão podem ser submetidos a uma investigação por parte de uma empresa de relações públicas contratada pelo Pentágono para verificar se suas matérias mostram as forças americanas "de forma positiva", diz a IFJ em comunicado.
Esta prática "compromete a independência dos veículos de imprensa", afirma o secretário-geral da IFJ, Aidan White, para quem não há "qualquer pretensão" de que os militares americanos estejam interessados "em ajudar os jornalistas a trabalharem com liberdade".
"Isso sugere que estão mais interessados na propaganda do que na informação", acrescentou White.
A IFJ diz que, segundo a "Stars and Stripes", uma publicação independente americana de temática militar, os jornalistas podem ser investigados pela empresa de relações públicas The Rendon Group.
Em 2003, o Rendon Group ajudou a criar o Congresso Nacional Iraquiano, um grupo de oposição que foi acusado posteriormente de divulgar informações falsas sobre as supostas armas de destruição em massa do regime de Saddam Hussein.
A publicação acrescenta que, há dois meses, oficiais do Exército dos EUA impediram que um jornalista da "Stars and Stripes" acompanhasse uma unidade militar no Iraque porque "rejeitou destacar" as boas notícias promovidas pelos militares.
Para a IFJ, a recente fusão do trabalho de relações públicas dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Cabul "criou uma fonte única" de informação e gestão dos pedidos de jornalistas que querem acompanhar as unidades militares, o que por sua vez "reforçou a influência do Rendon Group".
Atualmente, há 60 veículos de imprensa com profissionais que acompanham as unidades militares da Otan ou dos EUA no Afeganistão, diz a IFJ citando números oficiais.
A federação americana de rádio e televisão e o coletivo de jornalistas TNG-CWA, também dos EUA, se uniram à IFJ nesta condenação.