Especialistas chineses são unânimes ao afirmar que os Jogos Olímpicos tiveram impacto altamente positivo na economia do país nos últimos sete anos. De 2001, quando a China foi escolhida sede da competição, até 2007, o crescimento médio foi de 10,5% ao ano – o maior desde o começo das reformas econômicas de Deng Xiaoping, há 30 anos. Daqui a uma semana tudo terá terminado. Na área econômica, será o momento de o governo ajustar o processo de desenvolvimento do país que mais cresce no mundo.
“Os Jogos Olímpicos fizeram a China se abrir ainda mais para o resto do mundo e, mais do que isso, ajudaram o país a se inserir na economia global”, avaliou o vice-presidente da Academia de Pesquisa Macroeconômica, Wang Yiming, em coletiva de imprensa neste domingo (), em Pequim. A academia é vinculada à Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento Econômico, principal órgão de planejamento da China.
Segundo Yang Kaizhong, do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Pequim, a contribuição dos Jogos para o crescimento da China foi de um ponto percentual – graças, especialmente, ao aumento dos investimentos e do consumo em Pequim. “Acredito que depois que terminarem os jogos continuarão tendo efeitos na promoção do crescimento econômico da cidade”, avaliou na mesma coletiva, que durou duas horas.
Wang reconheceu que após as Olimpíadas o ritmo de investimentos em infra-estrutura recuará. Com o menor fluxo de turistas, o consumo também diminuirá. Mas ele garante que isso não afetará o crescimento do gigante asiático. “As principais forças de sustentação do rápido crescimento econômico não mudarão. Os investimentos relacionados aos Jogos são apenas uma pequena parte do total de investimentos do país.”
Segundo ele, o crescimento chinês se deve, basicamente, a altas taxas de poupança e ao elevado investimento em urbanização, infra-estrutura e aperfeiçoamento da estrutura de consumo. Apenas para os Jogos Olímpicos, foram aplicados mais de US$ 40 bilhões em diversas regiões do país.
Agora, há novos desafios pela frente. “O ambiente econômico global mudou muito. A demanda externa não vai tão bem em algumas áreas e, por isso, o crescimento econômico da China diminuiu. Portanto, a economia da China enfrentará o desafio da reestruturação após os Jogos Olímpicos”, afirmou. Ele antecipou que, daqui para frente, o governo chinês pretende impulsionar a demanda doméstica e promover o crescimento saudável do mercado para prevenir altos e baixos na economia.
Quanto à pressão resultante da alta mundial dos preços dos alimentos – em grande parte causada justamente pela grande demanda chinesa –, Wang acredita que o país deve adotar um mecanismo de controle de preços que leve em conta oferta e demanda, custo de produção e custo ambiental. Na sua opinião, o governo deveria subsidiar consumidores e, não, produtores.
Wang também defendeu a manutenção dos princípios ambientais adotados durante as Olimpíadas, priorizando o meio ambiente, economizando energia e promovendo a inovação. “Também devemos colocar as pessoas em primeiro lugar e priorizar nossos programas culturais”, opinou. “Devemos continuar carregando o espírito olímpico.”
Quanto ao futuro da capital, Pequim, Yang Kaizhong, mencionou o imenso legado dessa edição dos Jogos Olímpicos. Para ele, a herança inclui o espírito inovador, o conhecimento científico, cultural e de marketing, e, é claro, a infra-estrutura.