A agropecuária, mesmo com fraca participação na produção econômica do Estado, conseguiu dar um impulso no PIB (Produto Interno Bruto) local. Somando a isso a continuação de um desempenho satisfatório da indústria e dos serviços, a economia do Ceará apresentou, no primeiro semestre desse ano, um incremento de 5,9% (a valores descontados da inflação e impostos) sobre o mesmo período do ano passado. Os resultados foram apresentados ontem pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). Se analisado apenas o segundo trimestre (abril a junho), o aumento é ainda maior: 6,4%. ´Esse é um número positivo, quando comparado a igual intervalo de 2007, em que o crescimento foi de 3,6%´, comenta o diretor geral do Ipece, Marcos Holanda.
Desempenho extraordinário
Neste período, a agropecuária, que participa com apenas 7% do PIB no Estado, obteve um extraordinario crescimento de 33,7%. No acumulado de seis meses, esse resultado é de 23,4%. ´A quadra invernosa esse ano foi bem, diferente do ano passado, quando houve forte crise [nos seis primeiros meses de 2007, o setor apontou queda de 7,7%]. Esse resultado mostra principalmente a participação da agricultura de subsistência, com as safras de milho e feijão´, avalia Holanda. ´Este ano, tivemos safra recorde, e isso ajudou na formação do PIB global. Antes, a agropecuária não só não ajudava, como tirava o desempenho da economia´, completa.
Serviços surpreendem
Os serviços, principais responsáveis pelas divisas do Estado, abarcando 70% do PIB, mostrou um acréscimo de 4,4% no faturamento do semestre. O comércio alavancou esse percentual, ao incrementar em 8,6% seus rendimentos. Apesar de satisfatório, ainda ficou aquém dos atípicos 18,4% obtidos no primeiro semestre do ano passado, em comparação com o mesmo período de 2006. Outro fator que, curiosamente, teve destaque no crescimento setor de serviços foi o desempenho do segmento de alojamento e alimentação. A atividade rendeu 8,4% a mais, justificado pelo incomum crescimento de 6,3% no segundo trimestre.
O diretor geral do Ipece reforça que o intervalo de abril a junho não é de tanta lucratividade para este segmento, que é diretamente ao turismo, que vive a fase de baixa estação naqueles meses.
Construção aquecida
O aquecimento do setor de construção civil no Estado, já constatado nos constantes anúncios de novos empreendimentos imobiliários, é confirmado no estudo do Ipece. A atividade, que vinha nos seis primeiros meses dos dois últimos anos registrando taxa média de crescimento de cerca de 5%, deu um salto no primeiro semestre desse ano e garantiu uma elevação de 9,3% na sua produção. Esse quadro motivou o incremento de 5,8% no setor industrial no semestre.
Indústria
A indústria de transformação, que opera no segundo trimestre do ano de forma mais reduzida, cresceu 2,3% no período. No acumulado dos seis meses, o resultado sobe para 4,1%, impactado mais pelo melhor desempenho apontado entre janeiro e março, de 6,1%. Os serviços industriais de utilidade pública (Siup) também registraram dados bem positivos. O setor, que havia passado por uma queda de 4,9% no primeiro semestre de 2006 e se recuperado no mesmo período de 2007, com alta de 4,2%, agora garantiu um acréscimo de 10,7% sobre o resultado dos seis primeiros meses do ano passado.
O desempenho vem sendo constante ao longo de cada um dos meses.