Ceará na era da industrialização


A confirmação da instalação da Refinaria Premium 2 no Ceará, pelo presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, no início da semana, mais do que uma notícia alvissareira para o futuro da economia do Estado, deve ser vista como alerta para que o governo Estadual, o setor acadêmico e a própria empresa iniciem e adote, desde já, estudos e ações, no sentido de viabilizar a criação de um pólo petroquímico. A observação é do economista e consultor internacional, Alcântara Macêdo, para quem ´a instalação de uma refinaria abre espaços para a atração de uma série de empresas, para a formação de um pólo petroquímico, que deve começar a ser pensado desde já, o mais rápido possível´.

Cinturão de indústrias

Para o consultor, tão importante quanto a refinaria, será a criação de um ´cinturão de indústrias´ em torno do empreendimento. ´As vantagens de uma refinaria, de uma siderúrgica e de uma mina (Itataia) já são conhecidas, por isso precisamos começar a pensar nas empresas que virão para compor esse pólo petroquímico´, adverte Macêdo. ´Estudos sobre que tipos de insumos e serviços a refinaria requer, e sobre que tipo de indústrias poderemos atrair, devem começar já´, ressalta.

Era da industrialização

Ele lembra que a base industrial do Ceará ainda é frágil, muito concentrada nos setores têxtil e de calçados, e que a vinda da refinaria será essencial para a industrialização do Estado.

Opinião semelhante tem o vice-reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jesualdo Pereira de Farias. Para ele, a refinaria Premium marcará o ingresso, de fato, do Estado na era da industrialização, tendo em vista a possibilidade de atração de novos empreendimentos industriais e de serviços, e a geração de empregos e renda, que um pólo petroquímico pode favorecer.

Segundo ele, ainda não há um programa formatado no Estado para atração de empreendimentos complementares à refinaria e à siderúrgica, mas já existem estudos preliminares que apontam rumos nesse sentido. ´O plano diretor do Complexo Industrial e Portuário do Pecém já aponta os tipos de indústrias que podem ser atraídas´, explica o reitor.

Ele ressalta que os estudos foram mais direcionados à siderurgia, porque, à época, era o empreendimento mais esperado. Independentemente disso, ele revela que a UFC também já desenvolve projetos no setor petroquímico e pesquisas de novas tecnologias nas áreas de gás natural e petróleo.

O reitor reconhece que a capacitação e qualificação da mão de obra necessária para os novos empreendimentos é um desafio, mas que já começou a ser enfrentado há alguns anos. ´Há uns dez anos, a universidade vem reestruturando cursos de graduação e pós-graduação na área de engenharia´, informa o reitor da UFC.