O governo da Venezuela revisará os investimentos dos países que adotarem a diretiva para deportação de imigrantes aprovada pelo Parlamento Europeu (PE), disse na última quinta-feira () o presidente venezuelano Hugo Chávez.
Ele classificou a iniciativa como "degradante" e afirmou que o petróleo venezuelano não chegará aos países que adotarem a medida.
O presidente venezuelano disse esperar que "os governos europeus se pronunciem contra" a nova lei e, em seguida, questionou: "Se a diretiva for aplicada, para que mais cúpulas com a União Européia?"
"Pelo menos o nosso petróleo não deve chegar a estes países europeus", disse Chávez em uma entrevista coletiva junto com o presidente eleito do Paraguai, Fernando Lugo, que está visitando o país.
América Latina reage
O governo brasileiro, por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, informou que "lamenta a decisão".
A nota do Itamaraty lembra que o Brasil "deu acolhida a milhões de imigrantes e descendentes" e acrescenta que a lei contribui "para criar uma percepção negativa da migração e vai no sentido contrário ao de uma desejada redução de entraves à livre circulação de pessoas e de um mais amplo e pleno convívio entre os povos".
O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que os países da região deveriam se unir contra o que chamou de "iniciativa do ódio".
O presidente boliviano, Evo Morales, disse que a América Latina deveria trabalhar com a África contra as novas regras que, segundo Morales, atacam os direitos e a vida das pessoas.
As novas leis devem entrar em vigor em 2010 e, além da prisão por até 18 meses antes da deportação, também permite a expulsão de menores de idade desacompanhados e proíbe que os deportados voltem a entrar em qualquer país do bloco durante os cinco anos seguintes à expulsão.
Representante do Mercosul, o argentino Carlos Alvarez afirmou que a nova medida desrespeita abertamente os direitos humanos.
Alvarez acrescentou que a União Européia deveria se lembrar que, no passado, milhões de europeus foram para a América da Latina, vítimas da fome, da guerra e de regimes totalitários, e todos foram integrados sem problemas.
Além das condenações desta sexta-feira, 44 governos da América Latina e da África — entre eles Bolívia e Equador — já tinham enviado cartas à Comissão Européia e ao Alto Representante da União Européia, Javier Solana, condenando a diretiva e pedindo uma revisão das medidas propostas.