Um navio com 500 toneladas de castanhas de caju in natura, importadas da África, já se encontra no Porto do Pecém. Até o início de julho devem chegar ao Estado do Ceará um total de 25 mil toneladas, compradas na Nigéria e Costa do Marfim para abastecer cinco indústrias cearenses ameaçadas de parar por conta da falta do produto, em virtude da quebra da safra 2007/2008.
Para tentar reverter esse problema, o processamento do caju e da castanha de caju foi incluído entre os setores que devem receber incentivos ao financiamento no orçamento do Governo Federal, ao lado dos setores têxtil, moveleiro, coureiro-calçadista, fruticultura e de pesca. O setor foi contemplado em emenda apresentada pelo Senador Inácio Arruda à Lei de Diretrizes Orçamentárias, ainda a ser apreciada pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. A meta da emenda de Inácio é aumentar em 50% as aplicações destinadas a esses segmentos em relação à média dos três últimos exercícios.
Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Processamento da Castanha de Caju (Sindicaju), Antonio José Gomes Teixeira de Carvalho, o preço de aquisição foi melhor que o do mercado atual hoje – em torno de R$ 1,40 o quilo. Adianta que, após essa primeira importação, o setor vai avaliar os resultados e decidir se torna essa prática rotineira. "A princípio a importação foi necessária por causa da quebra de safra, porque tinha indústria que pararia na próxima semana se a castanha não chegasse", comentou.
A importação da castanha de caju "in natura" em grande volume é a primeira na história do Estado do Ceará, maior produtor e exportador do produto no Brasil. Há mais de 15 anos empresas cearenses fizeram importações em pequenas quantidades. A perda de 40% da safra significa menos 100 mil a 120 mil toneladas em relação ao ano passado e poderia fazer com que empresas parassem por falta de matéria-prima desempregando mais de nove mil pessoas.