Inácio alerta sobre interesses por trás do referendo


O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) criticou, em discurso no plenário do Senado, a realização, no próximo dia 4, de um referendo em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A região onde se encontra a cidade quer decidir se continua sendo parte da Bolívia ou passa a ser um país independente. Para o senador, a região onde se levanta o separatismo concentra as principais reservas de gás e petróleo do país e que a elite de direita boliviana, especialmente branca, vem tentando aplicar um golpe por meio do referendo.


“Os donos da Bolívia não aceitam um governo que legitimamente ganhou a eleição e busca reordenar o seu País, para poder melhorar a vida do seu povo, que, mesmo em cima de grandes riquezas, vive na miséria”, avaliou.


Inácio defendeu uma intervenção positiva do governo brasileiro para dizer a quem interessa esse referendo. Ele garantiu que não é preciso haver conflitos na fronteira com o Brasil, mas lembrou que o referendo tem apoio dos americanos: “O Brasil, com a sua cautela, deve interferir no sentido positivo. Não queremos um atrito de grande monta na nossa fronteira. Mas o Brasil precisa dizer com todas as letras: a quem interessa esse referendo? Não por acaso, os que promovem o referendo têm o apoio da embaixada norte-americana em La Paz. Não por acaso! Não é um acidente! Essa sim, é uma atitude de intervenção nos assuntos internos daquela Nação”, esclareceu.


Em aparte, o senador José Nery (PSOL-PA) disse que o referendo é uma tentativa inaceitável de quem não respeita as regras do jogo democrático. “Associo-me às suas preocupações para dizer que estamos solidários com o governo de Evo Morales e com os movimentos populares que estão se posicionando em relação ao referendo, solicitando a abstenção, na esperança de que essa atitude e principalmente a mobilização dos interesses populares consigam vencer o dinheiro, a mobilização e a campanha dos ricos de Santa Cruz”, afirmou Nery.


Inácio Arruda destacou que o Senado brasileiro deve estar atento para o que ocorre nos países vizinhos e deve contribuir para a consolidação da democracia. “As riquezas daquele povo existem para permitir o seu desenvolvimento, seu crescimento, para que eles possam ter acesso às escolas, melhorar sua saúde, melhorar sua renda e adquirir os bens que a ciência e a tecnologia possibilitam. É para isso que queremos uma Bolívia desenvolvida, unida, forte. Ela sendo forte, fortalece a América do Sul, e não podemos aceitar que a América do Sul seja acossada pelas tropas alienígenas que se posicionam não só no Pacífico, no Atlântico, mas que têm suas bases incrustadas em nosso território”, afirmou.