130 mulheres, representando cerca de sete cidades do estado, estiveram reunidas no último sábado () em torno do II Congresso da União Brasileira de Mulheres – UBM, realizado no Centro de Humanidades da UECE em Fortaleza. Na pauta, feminismo e emancipacionismo, divididos em três subtemas, mulheres na política, o mundo do trabalho e o impacto do neoliberalismo na vida das mulheres.
O evento, que faz parte dos preparativos para o congresso nacional da entidade, que acontecerá em Luiziânia, Goiás, no mês de novembro, homenageou duas antigas militantes do movimento feminista, Argentina Meneses e Daciane Barreto, que na década de 80 e 90 integraram a diretoria do Centro Popular da Mulher (CPM), entidade de destaque na luta contra a opressão e a violência contra a mulher.
Argentina Meneses compareceu com suas filhas, netos e seu inseparável e amado companheiro José Augusto. O auditório encheu-se de emoção com a homenagem que teve início com um cordel, preparado e lido por Rita Lisboa, também antiga militante do movimento. Em seu trecho final o cordel afirma: “E hoje nesse Congresso, a UBM fiel, em defesa da mulher, cumpre bem o seu papel , como a luta não termina, homenageia Argentina, nos versos desse Cordel”. Em seguida a homenageada recebeu um quadro com uma foto da década de 80 que trazia, além de Argentina, outras integrantes do antigo CPM. Para finalizar, sua neta Isabelle lhe entregou flores. Daciane Barreto, que também foi homenageada, não pôde comparecer, mas teve sua trajetória de luta destacada por Terezinha Braga, sua companheira na diretoria do Centro Popular da Mulher.
A mesa de abertura do Congresso contou com a presença da vereadora comunista Eliana Gomes, a defensora-pública geral do estado, Francilene Gomes de Brito, Ieda Nobre de Castro, secretária da pasta de assistência social da prefeitura de Maracanaú, Liana de Cássia, vice-prefeita de Milha, Andréa Oliveira, representando o senador Inácio Arruda, Ana Lúcia Viana, representando a Secretaria Regional I de Fortaleza , Camila Mesquita, da direção estadual da UJS e do Coletivo Loreta Valadares, Abel Rodrigues Avelar, pelo Comitê Estadual do PCdoB e do deputado estadual Lula Morais.
À tarde as delegadas, divididas em três grupos de estudo, debateram os temas propostos como pauta, e aprovaram na plenária final uma moção de repúdio ao juiz Edilson Rumbelsperger Rodrigues que utilizando argumentos machistas considerou inconstitucional a Lei Maria da Penha. Edílson chegou mesmo a afirmar numa reportagem da Folha de São Paulo que tal lei “tornaria os homens tolos” e que ” a desgraça humana começou no Éden: por causa da mulher, todos nós sabemos, mas também em virtude da ingenuidade, da tolice e da fragilidade emocional do homem (…) O mundo é masculino! A idéia que temos de Deus é masculina! Jesus foi homem!”.
Para Marta Brandão, integrante da UBM e uma das organizadoras do congresso “ A Lei Maria da Penha é um marco na luta das mulheres contra a violência. São opiniões como essa, expressa por um juiz, que permitem que ainda hoje, no Brasil, milhares de mulheres sejam vítimas de agressões, muitas vezes culminando com mortes ou com lesões irreversíveis, como a sofrida pela companheira Maria da Penha, que a deixou paraplégica”. Integrou a programação uma apresentação dos índios Pitaguarys de Maracanaú, composto por 13 crianças e quatro adultos, entre eles a coordenadora Elizângela, que fez questão de na ocasião assinar a ficha de filiação à entidade.
Para Teresinha Braga, diretora da entidade, “o evento é vitorioso, não só por reunir esse número significativo de mulheres em torno de questões essenciais para a conquista da emancipação feminina, mas também por conseguir reunir homens, que aqui estiveram durante todo o dia participando” e completou afirmando que “para a UBM a emancipação feminina precisa ser construída com a participação de homens e mulheres, só assim ela será vitoriosa”.
O Congresso elegeu 40 representantes ao congresso nacional da entidade e a nova coordenação estadual.