Convenção da ONU debate problema da desertificação


Políticos e especialistas de quase 200 países, além de representantes de 800 organizações não-governamentais estarão em Madri, na Espanha, durante as próximas duas semanas, participando da VIII Conferência da ONU sobre a luta contra a desertificação. O objetivo da Convenção é estudar este problema e elaborar uma estratégia de longo prazo para conter a seca que ameaça a população mundial.

O Senador Inácio Arruda participará do encontro na qualidade de representante do Senado brasileiro, e levará a experiência do Brasil na questão da desertificação, como o projeto de lei de sua autoria que estabelece uma política nacional de combate à desertificação e o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca, do Ministério do Meio Ambiente.

Além disso, um brasileiro pode vir a ocupar o posto de Secretário Geral da Convenção, já que o economista Rocha Magalhães, atualmente assessor do Banco Mundial, foi indicado pelo Brasil para o cargo, cuja escolha se dará durante o encontro em Madri. A Espanha, país escolhido para sediar a convenção, é um dos países da Europa mais vulneráveis à desertificação. Mais de um terço da superfície do país está sob “risco significativo” de desertificação, segundo o ministério espanhol do Meio Ambiente.

Segundo o chefe da rede internacional da água da Universidade da ONU, que coordenou o estudo das Nações Unidas, Zafaar Adeel, “a maioria das pessoas não se dá conta da magnitude do problema, que está crescendo muito rapidamente”. Ele destaca que “há uma concepção errônea segundo a qual a desertificação só acontece em zonas remotas da África”, mas na verdade “afeta amplas áreas da Ásia, América Latina e algumas partes do sul da Europa”.

De acordo com estudo das Nações Unidas, publicado em junho, a desertificação afeta de forma direta 200 milhões de pessoas. Mas dois bilhões de pessoas, ou seja, um terço da população, vive hoje em zonas de risco. A África Subsaariana e a Ásia Central são as regiões mais vulneráveis à desertificação, mas o problema atinge todos os continentes, adverte o estudo, elaborado por cerca de 200 especialistas de 25 países.

Os prejuízos resultantes da degradação da terra são estimados em 65 bilhões de dólares (6 bilhões de euros), segundo o estudo. O processo também afeta zonas não desérticas, com tempestades de areia que prejudicam a qualidade do ar, como as do deserto de Gobi, na China, e do sul da Mongólia. O fenômeno também leva alguns povos a emigrar para zonas mais verdes, como é o caso dos emigrantes subsaarianos, que partem em direção ao norte da África e à Europa. Caso não se tome nenhum tipo de medida, a ONU alerta que 50 milhões de pessoas podem imigrar na próxima década.

A reunião de Madri será a oitava conferência realizada entre os 191 países signatários da Convenção para a Luta contra a Desertificação (UNCCD, na sigla em inglês), adotada em Paris em junho de 1994. A conferência acontece a cada dois anos, a última delas em Nairóbi, em outubro de 2005.