Ministro da Justiça deverá esclarecer volta de atletas cubanos a Havana


O ministro da Justiça, Tarso Genro, será convidado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) a esclarecer o episódio da viagem de volta a Cuba de dois atletas cubanos que vieram ao Brasil para os Jogos Pan-Americanos, no Rio de Janeiro. Requerimento com esse objetivo foi aprovado nesta quinta-feira (), depois de longo debate na comissão.


Os pugilistas Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux foram presos na cidade de Araruama (RJ), após abandonarem a delegação cubana. Dias depois, foram enviados de volta a Havana pelo governo brasileiro – em operação cuja rapidez foi condenada pela oposição. A CRE também aprovou requerimento de informações ao Ministério da Defesa sobre o vôo no qual viajaram os dois atletas cubanos.


O senador Inácio Arruda apoiou a investigação do episódio, mas alertou para que os senadores não cometam um equívoco ao transformar o caso em uma questão político-ideológica. “Assim como o Brasil concede asilo político a quem solicitar, muitos brasileiros também pedem exílio em Cuba. Precisamos ter muito cuidado, para não transformarmos esse fato numa questão político-ideológico, embora Cuba tenha o legítimo direito de emitir suas opiniões”, afirmou o Senador.


Ele rebateu a comparação que alguns senadores fizeram entre o caso dos pugilistas cubanos e o episódio da deportação de Olga Benário: “São histórias completamente distintas. Olga Benário foi feita prisioneira do Estado, resultado de um embate entre Prestes e o Senador Filinto Muller”, esclareceu. Inácio destacou que o PCdoB foi o partido mais perseguido ao longo da história brasileira e que por esta mesma razão considera importante que a CRE se aprofunde no esclarecimento do fato, mas sem levar em conta opiniões pré-concebidas sobre o regime político cubano: “A comissão precisa investigar o que é de sua competência e esclarecer com os ministros, e se for necessário, com outros membros do governo.”


O Senador também considerou estranho o fato de que os dois pugilistas teriam desertado da delegação cubana deixando de disputar medalhas de ouro: “Foram atraídos por propostas de negócios que não se concretizaram, e ficaram a ver navios”, lamentou o senador.