Isolar a Venezuela não é o melhor caminho, alerta Inácio


O senador Inácio Arruda se posicionou contraria ao requerimento aprovado no Senado, de iniciativa da Comissão de Relações Exteriores, solicitando que seja enviado ao Presidente da Venezuela, Hugo Chávez,  apelo no sentido de que seja mantida em funcionamento a rede privada RCTV, cuja licença não está sendo renovada. Ao justificar o seu voto, Inácio Arruda disse que é fundamental o respeito à soberania das nações e dos povos. “Na Venezuela se impôs à vontade soberana do povo, por um governo democrático popular do campo de esquerda. Essa é a questão central, é isso que incomoda uma elite minoritária na Venezuela e na América do Sul. Não é pela liberdade de imprensa, pois essa elite não preza pela liberdade de imprensa”, criticou.


O Senador alertou para o movimento de isolar a Venezuela, o que, segundo o parlamentar, é uma atitude mesquinha. “Não podemos cair numa cantilena que se quer impôr à nação inteira. Nossa missão, inclusive como parlamentares do recém-criado Parlamento do Mercosul é não permitir jamais que se faça como fizeram os Estados Unidos em relação à Cuba, isolando essa pequena ilha do convívio com as nações americanas e latino-americanas”, ponderou. “Nosso papel é trazer para o nosso convívio a nação venezuelana, pela contribuição que ela pode dar ao nosso País”.


Inácio lembrou que o seu partido, o PCdoB, já está acostumado com esse debate, com esse tema, nos seus 85 anos de existência. “O nosso jornal, A Classe Operária, foi fechado seguidas vezes, fechado nos momentos de democracia. Não era nos momentos de ditadura, não!”, recordou o senador comunista, acrescentando que, aqui no Brasil, não só fecharam rádio, televisão e jornais; aqui, fecharam o Congresso Nacional. “Na Venezuela, o que ocorre é que o povo, soberanamente, tem realizado sucessivas eleições. Nós mesmos mandamos, há pouco tempo, para a última eleição na Venezuela, uma missão de parlamentares brasileiros. Lá esteve inclusive o ex-Presidente americano Jimmy Carter, para dizer que aquela eleição não só era uma eleição limpa, mas era uma eleição democrática e que todos deveriam respeitar, porque era uma decisão soberana do povo venezuelano. E nós não podemos cair numa cantilena, numa onda fácil que se quer impor à nação inteira, seja às nações latino-americanas seja ao povo brasileiro”.


Para o senador, estão querendo criar uma unanimidade de que se está cerceando toda a liberdade de expressão. “Não devemos ir na onda fácil. Vamos ponderar, conclamar ao Presidente Hugo Chávez que mantenha o exercício democrático e as liberdades dentro da Venezuela. Mas sem esquecer quem tentou derrubar Hugo Chávez, o que quiseram fazer ali na Venezuela. Ah, isso sim! Nós devemos raciocinar aqui também, porque senão vamos na onda mais fácil, e esse não é o melhor caminho, nem para nós brasileiros, nem, com certeza, para os venezuelanos”.