“A televisão, especificamente a TeleSur, pode ser um importante elo para a projeção cultural do Brasil, com o país ocupando o seu território pelo espaço da arte e da cultura”. Foi o que ressaltou o senador Inácio Arruda durante a segunda rodada de debates do Seminário “Audiovisual e Educação”, uma das atividades paralelas do 17º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema.
Durante a sua fala, o senador citou o Brasil como “âncora” para a América Latina, uma vez que é referência como país de governo democrático e popular. Reconhecendo seu entusiasmo pela produção do audiovisual, Arruda exaltou o papel do Governo Lula como ferramenta de diálogo na “busca da unidade, sem perder a identidade”. Ele lembrou que a união das culturas latino-americanas abre espaços de projeção econômica para os povos dessa região.
O debate sobre “Audiovisual e Educação” foi realizada na tarde deste sábado (), no Cine Benjamin Abrahão, na Casa Amarela Eusélio Oliveira (av Universidade, 2591 – Benfica). Para falar sobre o modelo adotado pela multiestatal latino-americana e caribenha TeleSur estiveram presentes, além do Senador Inácio Arruda, que é membro do Parlamento do Mercosul, Beto Almeida, diretor da TeleSur no Brasil; Auto Filho, Secretário de Cultura do Estado do Ceará; e Wolney Oliveira, diretor-executivo do Cine Ceará. Na platéia, cineastas, representantes de TVs públicas brasileiras e interessados em cinema.
Wolney Oliveira mediou o debate, comentando a importância da criação de espaços que possibilitem discussões importantes para a educação e o audiovisual cearense, e renovando o compromisso do Cine Ceará com a temática. Para o secretário Auto Filho, favorecer e promover esse debate era uma tarefa constitucional, uma vez que a Carta Brasileira prevê que o Estado deve promover a integração cultural da América Latina, e que o estreitamento das relações entre Ceará e TeleSur seria um marco na história política e cultural do Estado.
Os participantes da mesa concordaram com a viabilidade da proposta de aliança do Brasil com a Telesur, já iniciada pela TV pública no Paraná, ao exibir parte da programação da TeleSur, e consideraram a iniciativa um importante passo para o Brasil, como reforçou o representante da multiestatal, Beto Almeida. Em sua fala, Almeida mencionou que a iniciativa da TeleSur – que funciona desde 2005 – é uma “reação contra o neo-liberalismo”. “A TeleSur existe graças a um movimento revolucionário que existe na América Latina”, disse Almeida, citando Che Guevara e Perón como exemplos de líderes que já sonhavam com a criação de agências de notícias que pudessem “furar o cerco”, e promover os acontecimentos reais da América Latina.
O diretor da TeleSur no Brasil questionou o entendimento do que é de fato notícia relevante para a cultura da América Latina. Citou como exemplo o fim do analfabetismo na Venezuela, lembrou que lá se paga o maior salário mínimo da América Latina e que a jornada de trabalho está sendo reduzida para seis horas por dia – fatos, segundo ele, não repercutidos pelos principais jornais brasileiros. Inquiriu a platéia: “Será que isso não é notícia? Ou é menos importante que eventos de moda ou lançamento de perfumes?”.
Beto Almeida não deixou de lado a polêmica em torno da não renovação da concessão de um canal de TV na Venezuela: “Em 2002, houve um golpe de estado conduzido por uma televisão que não teve concessão renovada, porque estava em absoluta ilegalidade”. Voltando a falar em TV pública, Beto Almeida lembrou que “todas as iniciativas democratizantes nascem do setor público, nunca do privado”, e que a criação e ampliação de uma TV como a TeleSur faz dar passos para a “integração dos nossos povos”. Parabenizando a iniciativa cearense de parceria com a TeleSur, anunciada pelo secretário de Cultura do Ceará, Auto Filho, aproveitou para exibir um trecho de sua programação jornalística.
O senador Inácio Arruda finalizou as exposições citando o Brasil como “âncora” para a Amárica Latina, uma vez que é referência como país de governo democrático e popular. Ele lembrou que a união das culturas latino-americanas abre espaços de projeção econômica para os povos dessa região. Sinalizou que a televisão, especificamente a TeleSur, pode ser um importante elo para a projeção cultural do Brasil e finalizou dizendo que o país deve “ocupar o território pelo espaço da arte e da cultura”.
Sobre a Telesur
A TeleSur nasceu da necessidade latino-americana de contar com um meio de comunicação que permita a esses povos difundir valores, divulgar sua imagem, debater suas idéias e transmitir seus conteúdos de forma livre e igualitária.
A emissora iniciou suas transmissões em 2005. Para Wolney Oliveira, o Ceará poderia entrar “como link de cultura na TeleSur”. Serão exibidos durante o seminário os documentários “Cidadão Jacaré” de Firmino Holanda, dia 4; “José Lins do Rego”, de Wladimir Carvalho, dia 5; “Do Luto à Luta” de Evaldo Mokazel , dia 6, e “Hércules 59” de Silvio Darin, dia 7. Os diretores estarão presentes para debater com o público depois das exibições, sempre programadas para as 15 horas, no Cine Benjamin Abrahão, da Casa Amarela Eusélio Oliveira.