Inácio destaca projetos e pede cautela para o caso Renan Calheiros


O senador Inácio Arruda usou a tribuna do Senado para destacar três temas que considera da maior importância para o Ceará: o primeira diz respeito a um compromisso do Presidente Lula com o nordeste setentrional, região de 12 milhões de pessoas que sofrem, permanente e secularmente, com o processo de estiagem. Finalmente, o Presidente, honrando um compromisso seu desde o início do Governo, começa as obras de interligação das bacias do nordeste setentrional com o rio São Francisco.



O segundo ponto abordado pelo Senador foi o projeto das Zonas de Processamento de Exportação. Para Inácio, as ZPEs devem ser utilizadas nas regiões mais pobres do País, com o objetivo de alavancar o desenvolvimento e diminuir as diferenças regionais. O terceiro também é um compromisso de Lula, especialmente com o Estado do Ceará, que é a construção de uma siderúrgica no Porto do Pecém.



O senador Inácio Arruda fez questão, porém, de demonstrar a sua preocupação e do seu partido, PC do B, com o debate que acontece em torno do Conselho de Ética, que deve abrir um processo de investigação por quebra de decoro por parte do Presidente do Senado, Renan Calheiros.



“Parto do princípio de que as pessoas, de que os órgãos de comunicação, todos estão agindo ou querem agir de boa-fé”, disse o Senador. “Esse é sentido primeiro. Mas não se trata de um jogo de inocência. Há um fervilhar político, um debate político, uma ânsia, uma vontade de condenar a priori, antes que chegue qualquer prova ou mesmo sem prova alguma, ou melhor ainda, até condenar sem prova nenhuma”.



Inácio pediu muito cuidado, muita atenção a respeito da posição e da opinião de cada um dos senadores numa hora como esta. “Assistimos a todos esses episódios. Eles são repetitivos no Brasil. O Presidente Lula ganhou uma eleição no segundo turno, num debate político. E foi na política que Lula ampliou seu apoio, fortaleceu-se”, advertiu o senador, acrescentando que agora fica difícil para os setores conservadores atacar diretamente o Presidente da República porque ele está muito forte, muito consolidado no meio do povo. “Então, a única brecha para atingir o Presidente da República é atacar um aliado forte dele”.



E prosseguiu: “É bom ter cuidado, porque não há aqui um jogo de inocência, não se trata apenas do problema ético, só do problema moral. Não vamos cair nessa arena, nessa cantilena. Conhecemos esse debate de longa data. Temos mestres que são estudados até hoje, como Carlos Lacerda, que atacou a todos no cenário político nacional para defender sua posição moralista, que, no final, era uma posição de falso moralismo e usou a mídia da época. Hoje, também, a mídia trabalha nesse terreno, trabalha com essa vertente para poder desmoralizar figuras importantes, atingindo também, por outros meios, o Presidente da República”.



Inácio fez questão de deixar claro de que não vai fazer esse jogo “Conhecemos bem essa realidade: você demonstra toda a sua inocência, mas, ao final, alguém chega e diz que você é culpado. Aliás, o réu, ao contrário, passa a provar a sua inocência, e os acusadores não têm prova. Mas, mesmo assim, se mantém a posição de que você é culpado, porque você foi escolhido, você agora é o alvo, você é a bola da vez”.



Por fim pediu a todos para ter cautela, muita capacidade de concentração no objeto da investigação para que se tome uma decisão serena no Conselho de Ética, não deixando transparecer também a disputa política que está em torno do debate. “Estamos na expectativa de que o Conselho se posicione, mas compreenda muito bem que há, em torno dessa questão, uma batalha política dos setores mais conservadores do País, que não se conformam, até hoje, com o fortalecimento do Presidente Lula e de sua base de apoio no Congresso Nacional”.