Bloco de Esquerda promove ato em Brasília para lançar programa comum


O Senador Inácio Arruda participou ontem à tarde () do ato de lançamento do programa comum do Bloco parlamentar de Esquerda, que aconteceu no auditório da sede do PDT, em Brasília, que contou com a presença de parlamentares, dirigentes e filiados dos seis partidos que compõem o bloco – PSB, PDT, PCdoB, PMN, PRB e PHS.


Ocupando espaço


O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, o primeiro a falar e o que fez o discurso mais extenso, destacou o valor simbólico do ato, que trata do início da construção de “uma identidade, uma fisionomia de uma frente de esquerda em nosso pais”, afirmou.


O líder comunista falou que o bloco, que começa na Câmara com o bloco parlamentar, vai além. “É um bloco que tem uma contextura política levando em conta o espectro político nacional. Não há espaço vazio no processo político e as forças políticas que tem sua representação no campo da esquerda ocupam esse lugar para melhor representar os interesses políticos e sociais que compõem esse campo de esquerda”.


Renato afastou a idéia de que o programa mínimo do Bloco de Esquerda estaria em desacordo com o programa do segundo mandato do governo Lula. “(O programa) não cai em contradição com o programa do segundo governo Lula. Vai além, expressa também os programas de partidos que constituem esse bloco”.


O programa destaca a importância do desenvolvimento sobretudo levando em conta investimentos em infra-estrutura. Outra questão que permeia o programa é a educação – de qualidade e universal – levando em conta a educação básica e fundamental. A terceira questão, nas palavras de Renato Rabelo, é que “sem o desenvolvimento científico e tecnológico não alcançaremos esse desenvolvimento atual e moderno”.


Outro ponto do programa destacado por Renato Rabelo foi a defesa da integração do continente, principalmente da América do Sul, “porque faz parte do contexto do desenvolvimento nacional”, afirmou.


Apesar da leitura do todo o texto do programa feito por Carlos Lupi na abertura do evento, coube a Renato Rabelo fazer a análise dos pontos defendidos pelo Bloco. “Nos une esse grande esforço para construção de um projeto nacional de desenvolvimento”, disse detalhando a proposta de alcançar um crescimento de 5% do PIB (Produto Interno Bruto) e 25% de investimentos públicos e privados. Segundo ele, “esses são pontos fundamentais que norteiam a elaboração desse programa”.


Eleições 2008 e 2010


Renato Rabelo falou também sobre o papel que o Bloco pretende exercer nas eleições que se aproximam. “O bloco pode exercer papel político grande e decisivo para os destinos do nosso país. Os processos eleitorais de 2008 e 2010 tem que levar em conta a formação desse bloco”. A declaração fez a platéia reagir com aplausos. Para Rabelo, na formação das alianças nos estados deve ser considerada a existência do bloco.


“O bloco de esquerda é uma necessidade objetiva para responder os anseios das forças avançadas do nosso país”, disse o presidente do PCdoB, criticando a formação do bloco PT-PMDB: “O Blocão é conveniência”.


Importância dos partidos


Como representante das mulheres, apontada pela senadora Patrícia Sabóia (PSB-CE), a ex-deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) falou sobre a importância de militância nos partidos políticos “porque é o fórum que aprendemos coletivamente a formar cidadãos que pensam, transformam, militam, formam opinião e conduzem a sociedade para processos transformadores maiores”.


Para Jandira, “é importante para o Brasil que esse exercício de força e aliança ampla pela esquerda possa se consolidar e dê exemplo à luta política brasileira; que caminhe programaticamente e propicie êxito eleitoralmente e a gente consiga não só sustentar o governo, mas, junto com movimentos sociais, dar saltos maiores”.


Bandeira da educação


O presidente do PHS, Paulo Roberto Matos, o único dos presidentes dos três menores partidos do Bloco a falar, disse que o grande desafio na formação do Bloco é sair do simbolismo e partir para ação para mudar esse País, acrescentando que “temos força e podemos fazer diferença no Brasil”.


O segundo desafio, segundo ele ainda, é “pegar a bandeira da educação de base para mudar o país”. Matos também alertou para um acompanhamento das relações entre os partidos nos estados para evitar cisões.
 
O Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, destacou que o bloco é formado por todos os matizes da formação da esquerda do nosso país e citou os nomes de João Amazonas, Leonel Brizola e Miguel Arraes como “forças envolvidas ao longo desse processo crescente a histórico ao lado das melhores causas na construção da nossa nação e da soberania do nosso país”. 


Eduardo Campos também disse que deve existir essa preocupação com os problemas regionais entre os partidos, “porque não podemos deixar que problemas locais nos faça desperdiçar a oportunidade histórica dessas forças estarem reunidas e coesas em torno da construção do Brasil”.


Campos, como os demais oradores, fez a defesa da resistência aos problemas para manter a união do Bloco. “Vamos trabalhar para manter as forças juntas e ter consciência da importância do governo presidente Lula ter êxito e ser esta força que puxa ele à esquerda”. Mais uma vez a fala de Eduardo Campos produziu aplausos entusiasmados na platéia.


Recado ao PT


Ele refutou as criticas “dos que chamam o bloco de bloquinho”, dizendo que “estamos vacinados porque temos clareza do que nos une e para onde estamos indo, dando grande contribuição para a política brasileira”. Campos enviou recado para o PT, dizendo que “o Bloco não é contra qualquer força política do nosso campo, não tem exclusivismo da verdade e não quer isolar força política”.


Para o presidente do PSB, “o Bloco quer expressar a força do pensamento que representamos e das urnas pela sua representatividade”, acrescentando que as outras forças “devem levar em conta a nossa força e respeitar o que representamos”.


Ao encerrar o evento, Lupi, como anfitrião do evento, também fez referência ao PT. “Não estamos excluindo ninguém. Estamos de coração e portas abertas para quem quiser comungar de uma linha de pensamento político do Brasil”. Para ele, em palavras breves, a consolidação do Bloco é “um exercício de inteligência e crescimento”.


O ministro Sérgio Resende, de passagem pelo evento para o ato de sanção do Fundeb (Fundo de Educação Básica) no Palácio do Planalto, fez questão de falar, fugindo ao esquema definido de que só usariam a palavra os presidentes dos partidos.


Ele destacou que o pilar do programa comum do Bloco é a educação, ciência e tecnologia, o que reúne condições para o país se desenvolver. E destacou a reunião dos partidos que têm como bandeira de luta em sua trajetória a defesa da educação, destacando a atuação de Brizola e Darci Ribeiro do PDT; a atuação dos jovens do movimento estudantil do PCdoB e a formação por intelectuais do PSB.