Senado homenageia Gerardo Mello Mourão


O Senado realizou sessão solene de homenagem ao escritor e poeta cearense Gerardo de Mello Mourão, falecido aos 90 anos, no Rio de Janeiro, em março deste ano. Nascido em Ipueiras, no Ceará, Gerardo Mello Mourão tornou-se escritor reconhecido internacionalmente, chegando a ser indicado para Prêmio Nobel de Literatura em 1979. Também foi membro da Academia Brasileira de Filosofia, jornalista enviado à China pelo jornal Folha de S.Paulo (-1982) e deputado federal.



O Senador Inácio Arruda, autor do requerimento que propôs a sessão de homenagem, relembrou em discurso a trajetória de Gerardo: “Foi perseguido durante a ditadura do Estado Novo, amargando dezoito prisões, a última delas interrompida por decisão unânime do Supremo Tribunal Federal no pós-guerra, instigado pela movimentação internacional de escritores do porte de Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus, entre outros intelectuais expressivos”, ressaltou o Senador.



A amizade de Gerardo Mello Mourão com Tristão de Ataíde e sua adesão ao integralismo nos anos 1930 fazem parte de sua trajetória, a qual ele nunca renegou. “Mesmo vivendo situações terríveis nas masmorras das ditaduras, o ilustre escritor cearense conseguiu transformar todo o sofrimento em fecunda literatura, como que a remir, pelas letras, a violência contra ele perpetrada”, afirmou o Senador.



As perseguições políticas foram seguidas de grandes jornadas pelo mundo. Gerardo conheceu 90 países e ganhou intimidade com nove idiomas, entre os quais o latim e o grego, e pelo universo literário. Depois da cassação de seu mandato de deputado federal pela ditadura de 1964, Gerardo esteve no Chile, onde lecionou História e Cultura da América na Universidade Católica de Valparaíso (-1967), na Europa e na Ásia.



Suas obras foram publicadas em diversos idiomas, entre elas, País dos Mourões, (); A Invenção do Saber; Cânon & fuga; O Sagrado e o Profano; Peripécia de Gerardo (); Rastro de Apolo (); Os Peãs (); O Bêbado de Deus (); e, no transcurso oficial dos 500 anos do descobrimento do Brasil, com o poema épico A Invenção do Mar, editado simultaneamente no Brasil e em Portugal, obra que lhe rendeu o título de um dos maiores poetas da língua portuguesa do século XX, comparado a Camões e a Fernando Pessoa.



O Senador Inácio afirmou ainda que a obra de Mello Mourão constitui um legado que deve ser permanentemente lembrado: “Gerardo deixou muitos amigos e admiradores. Esta homenagem que o Senado oferece aos seus familiares, amigos e ao povo brasileiro, significa um especial momento de reflexão e resgate da memória e da vasta obra deste ilustre brasileiro. Nosso povo precisa conhecer aqueles homens e mulheres que levaram aos quatro cantos do mundo a existência do nosso País, como vive nosso povo, onde é o Brasil, o que é o Brasil, como se formou, quais são seus sentimentos”, destacou.



Inácio citou a iniciativa do Governo do estado do Ceará, que publicou as obras completas de Gerardo Mello Mourão: “Esperamos que o Senado se associe a essa iniciativa, examinando como podemos trabalhar para publicar a obra de Gerardo Mello Mourão, para que não apenas os cearenses, mas os brasileiros, tenha acesso à sua vasta obra, que contou a história do Brasil para o mundo inteiro”, finalizou o Senador.



Além do Senador Inácio Arruda, ocuparam a tribuna para homenagear o escritor cearense os senadores José Nery (PSOL-PA), Paulo Paim (PT-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF).  Após a sessão solene, será lançado o livro “A Saga de Gerardo Mello Mourão”, do escritor João Luís Lira, às 18h30, na Biblioteca do Senado.