Os membros do Conselho Político estiveram reunidos no Palácio do Planalto nessa quinta-feira (), para discutir a reforma política. Entretanto, as investigações da Polícia Federal na Operação Navalha também foram tema de debate. Entre os participantes estavam os líderes do PCdoB no Senado, Inácio Arruda (CE), e na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros.
O senador comunista Inácio Arruda (CE), comentou durante o encontro, que está em processo uma tentativa de desestabilização da atuação positiva do governo. ‘Todos queremos investigar esse desmando, a corrupção. Mas um estado de marcathismo, como nos tempos de Guerra Fria, não é possível. ‘O problema não é para nós, deputados e senadores, mas para todos os cidadãos brasileiros’, disse.
Arruda criticou o que chamou de baixaria por parte dos jornais. ‘Chega-se a conclusão que todos estamos sendo vigiados e grampeados. A particularidade das famílias pode sair no jornal. Serve esse tipo de baixaria? Ajuda a conter o processo de corrupção no país? Sinceramente, isso é o que chamamos de abuso. A quem interessa?’
Sobre as especulações de que a investigação estaria voltada apenas a um segmento político específico, Arruda disse que ‘se há uma seletividade, não é possível ser aceito. Nem pela base do governo, nem pela oposição. Esse é o fundamento do Estado Democrático de Direito e da Constituição brasileira. Se queremos democracia, se queremos liberdade, não pode haver um processo seletivo em benefício de uma situação particular’.
Reforma Política
Para o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Renildo Calheiros, o encontro com os dirigentes partidários da base aliada do governo foi positivo no sentido de avançar na construção de uma maioria sobre as polêmicas em torno da reforma. ‘O consenso nunca vai existir. Mas podemos chegar a uma maioria favorável’, disse.
Segundo Calheiros, os diversos segmentos políticos ainda estão articulando os pontos de vista convergentes. ‘O tema é complexo e abrangente. Estamos com um quadro político esgarçado e superado. Mas existem mais possibilidades na reforma política do que em um jogo de xadrez’, disse.
O ministro da Justiça Tarso Genro distribuiu para os dirigentes o resultado de um levantamento realizado com parlamentares sobre alguns dos temas mais polêmicas da reforma, entre eles lista fechada, financiamento público e fidelidade partidária. Segundo os dados, há consenso com relação à fidelidade partidária: 79% são favoráveis. Já o sistema de representação parlamentar precisa ainda ser mais costurado: 36% dos deputados apóia o sistema atual, 36% prefere o sistema flexível e 21% opta pela lista fechada.
Nas próximas segunda e terça-feira ( e 29 de maio) acontecerá na Câmara dos Deputados a comissão geral – sessão plenária onde representantes da sociedade civil também têm voz –, que discutirá o projeto de reforma política, conhecido como Projeto Caiado, em referência ao nome do relator, deputado Ronaldo Caiado.
Entre os participantes da reunião estiveram presentes o presidente Lula, os líderes do governo na Câmara, deputado José Múcio (PTB-PE), no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e no Congresso Nacional, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA); o ministro do Trabalho e presidente do PDT Carlos Luppi e o deputado Miro Teixeira (RJ); o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP); o presidente do PP, deputado Nélio Dias (RN); e Roberto Amaral, vice-presidente do PSB.