A Comissão de Educação do Senado realizou hoje a primeira reunião do Ciclo de Audiências Públicas, que vai debater idéias e propostas para a educação brasileira e o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) – o chamado PAC da Educação.
Participaram desta primeira audiência o ex-presidente e membro efetivo do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub), Manassés Claudino Fonteles; o representante da Organização das Nações Unidas para a Educação (Unesco), Vicente Defourny; o presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT), João Roberto Moreira Alves; e o representante do Fórum Nacional de Livre Iniciativa na Educação, João Roberto Cuvac.
Manassés Claudino Fonteles apontou a necessidade de uma migração interna de cientistas no país, dos grandes centros para as cidades do interior. Ele observou que há concentração de centros de ensino na Região Sul e sugeriu a construção de mais escolas no sul do Maranhão e em Pernambuco.
Já Vicent Defourny sugeriu um pacto suprapartidário para resolver os problemas da educação no Brasil. Ele disse reconhecer que a situação não será resolvida em curto prazo e recomendou que as soluções se iniciem pela educação básica.
João Roberto Moreira Alves sugeriu uma série de medidas para o setor da educacional do país. Ele ressaltou que a principal solução encontra-se no reforço à formação dos professores, pois os conteúdos pedagógicos e de formação de gestores de educação estão defasados e fora do contexto da modernidade.
José Roberto Cuvac disse ser a favor do uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para pagamento de mensalidades de universidades por alunos carentes. Segundo Cuvac, o Programa Universidade para Todos (Prouni), do governo federal, tem um problema de origem e não tem sido suficiente para atender a toda a demanda de estudantes sem condições de pagar mensalidades, pois não contempla alunos que em algum momento tenham pagado para estudar.
O senador Inácio Arruda participou da audiência e ressaltou que para uma educação básica de qualidade é necessário investimento. Para o Senador, é preciso cobrar do Estado e dos governantes que sejam tomadas providências nesse sentido. Ele deu o exemplo do Nordeste brasileiro como uma região que exporta “cérebros”, ou seja, pessoas que tiveram oportunidade de aprender a ler e escrever e hoje são grandes destaques em suas áreas de conhecimento.
Inácio destacou a questão dos professores como fundamental no caminho para a solução dos problemas relacionados à educação. “O professor deve ser constantemente estimulado, isso passa pela determinação de um piso salarial e carga horária condizentes com sua atividade”, afirmou. “Quantas vezes os professores chegam em casa depois de uma jornada de trabalho esgotados, sem condições de se debruçar sobre o plano de ensino”, explicou.
O Senador citou também a relação entre a explosão tecnológica e o ensino. Para ele, a atividade de base da educação, ou seja, o ensino da leitura e da escrita não podem ser substituídos apenas pela tecnologia: “De nada adianta a escola receber um laboratório de informática espetacular, de última geração, e depois não receber qualquer recurso para manutenção desses equipamentos. A conexão com o mundo tecnológico não deve suplantar o papel fundamental do professor na formação dos alunos”, advertiu.