O Ibope divulgou hoje, sob encomenda da Rede Globo, mais uma pesquisa de opinião sobre a preferência dos eleitores para as eleições presidenciais de outubro. Confirmando a pesquisa Datafolha divulgada semana passada, o levantamento do Ibope mostra Lula como favorito a vencer as eleições já no preimeiro turno: o presidente conta com 48% das intenções de voto contra 18% do candidato tucano Geraldo Alckmin. Em eventual segundo turno, o petista teria 53% e o tucano, 31%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria reeleito no primeiro turno se as eleições fossem realizadas hoje em qualquer cenário, segundo pesquisa do Ibope divulgada nesta quinta-feira (/6). O presidente atinge entre 62% e 63% dos votos válidos no primeiro turno, o que lhe garantiria, em tese, uma votação superior a que ele obteve no segundo turno em 2002, quando ficou com 61,3% dos votos válidos.
De acordo com a pesquisa, Lula tem 48% dos votos e supera a soma das intenções de voto de todos os adversários, que chega a 29% no cenário sem candidato do PMDB, considerado o mais provável. Brancos e nulos somam 14% do eleitorado. Os 48% de Lula, neste caso, equivalem a 63% dos votos válidos.
Atrás de Lula, pela ordem, aparecem o pré-candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, com 19%, Heloísa Helena (PSOL), com 6%, Enéas (Prona), 2%, Cristovam Buarque (PDT), com 1%, e José Maria Eymael (PSDC), com 1%.
Na hipótese em que o PMDB lança o senador gaúcho Pedro Simon, Lula também fica com 48% dos votos. Neste caso, o índice do presidente equivale a 62% dos votos válidos.
A seguir, aparecem Alckmin com 18%, Heloísa Helena com 5%, Enéas e Simon, com 2% cada. Neste cenário, o Ibope incluiu o nome de Roberto Freire (PDT), que ficou com 1%. Cristovam Buarque e José Maria Eymael tiveram menos de 1% da preferência. Brancos e nulos perfazem 13% do eleitorado.
Lula também vence Alckmin em um eventual segundo turno. O presidente aparece com 53% da intenção de votos, e o ex-governador de São Paulo, com 31%.
O Ibope também mediu a avaliação do governo federal. 58% aprovam a gestão de Lula, enquanto 36% a rejeitam, e 7% não souberam responder. O governo é considerado ótimo por 7% dos entrevistados e bom por 31%. Segundo a pesquisa, 41% julgam o governo regular, 8% julgam ruim e 11%, péssimo. 1% não soube qualificá-lo.
Este é o primeiro levantamento do Ibope sem Anthony Garotinho ou Germano Rigotto como candidato do PMDB. Na penúltima pesquisa do instituto, que foi realizada nos dias 3 e 4 de março e tinha Garotinho como candidato, Lula aparecia com 43%, Alckmin com 19% e o ex-governador fluminense com 14%.
Encomendada pela Rede Globo, a pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Foi realizada entre o último domingo e a última quarta-feira (de 28 a 31 de maio) e registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o protocolo 7728/2006. Foram entrevistados 2.002 eleitores em todo o Brasil.
Na semana passada, pesquisas do Datafolha e do Instituto Sensus também apontaram a vitória de Lula no primeiro turno. O placar no Datafolha foi 45% para Lula e 22% para Alckmin. No Sensus, o presidente vence Alckmin por 42,7% a 20,3% (no cenário sem candidato do PMDB).
Lula pede a adversários que “aprendam a perder”
Antes mesmo de saber o resultado da pesquisa Ibope, o presidente Lula voltou a provocar seus adversarios na noite desta quinta-feira. “Perdi três eleições até chegar à Presidência da República. Não reclamei do resultado em nenhuma delas porque fazia parte do jogo democrático”, disse Lula, em Manaus. “O que eu peço aos meus adversários é que sejam tão democratas quanto eu: aprendam a perder, aprendam a ser derrotados”, acrescentou o presidente.
“Aprendam (…) que um metalúrgico, que tem apenas o quarto ano primário e um curso do Senai, é capaz de fazer muito mais do que eles pelo País”, disse Lula.
Lula fez seu discurso mais inflamado do dia em um palanque armado no bairro popular de Educandos, às margens do Igarapé do Quarenta. Lula assinou convênios para um programa habitacional destinado a moradores de palafitas insalubres.
O presidente atacou, sem citar nomes, os políticos da oposição que, segundo ele, querem atrapalhar o governo. “Tem alguns políticos nervosos, só aparecem na TV xingando”, afirmou.
“Eu não vou ficar nervoso, porque o juiz desses que aparecem tentando atrapalhar o governo federal não será a suprema corte, não será a Presidência da República, nem a Câmara dos Deputados”, acrescentou, numa referência indireta às CPIs e ações movidas contra aliados envolvidos no escândalo do mensalão. “O juiz desses que querem nos atrapalhar a governar será o povo brasileiro”, afirmou.
Pela manhã, em entrevista, Lula havia desafiado a oposição a utilizar as denúncias das CPIs durante a campanha eleitoral pela televisão, que começa em 15 de agosto.
“Presidentes dos pobres”
Faltando três semanas para a convenção do PT, que lançará sua candidatura à reeleição no dia 24, Lula teve um dia movimentado no Amazonas. Pela manhã, ele visitou o município Coari, onde deu início à construção do gasoduto Urucu-Manaus. Em Coari, Lula falou a uma multidão calculada em 50 mil pessoas, segundo a Presidência. O número não pôde ser confirmado junto a fontes independentes.
“Nunca vi um político reunir tanta gente no interior do Estado, no meio da floresta”, disse o prefeito de Manaus, Serafim Correia (PSB), aliado de Lula.
De volta a Manaus, Lula inaugurou uma usina térmica antes de seguir para o Igarapé do Quarenta. Junto ao Igarapé, Lula disse que seus adversários o criticam por “defender os pobres”. “Nossos adversários nos agridem diuturnamente na televisão porque não tinham o hábito de ter um presidente da República que gostasse dos pobres”, disse Lula.
O presidente subiu no palanque com o governador Eduardo Braga (PMDB), também seu aliado, o prefeito de Manaus e parlamentares amazonenses de vários partidos. Sem mencionar abertamente a campanha pela reeleição, Eduardo Braga, que também é candidato, prometeu apoio a Lula no Amazonas.