“Mestre Juca do Balaio
Dança teu maracatu
Mestre Juca do Balaio
Eu e tu o caxambu …
Eu vou, eu vou
Você também vai Apanhar macaúba no Balaio (Bis)
Eu vou, eu vou Você também vai…”
Loa de Calé Alencar cantada, no carnaval de 2003, pelo Maracatu Az de Ouro, em um homenagem aos 80 anos do Mestre Juca do Balaio.
Ícone do carnaval de Fortaleza, Mestre Juca do Balaio vai deixar muita saudade. Carnavalesco mais antigo desta cidade, Joaquim Pessoa de Araújo, o Mestre Juca, presidente de honra da agremiação Az de Ouro, nasceu no Cedro, há 83 anos, no sul do Ceará. Mas como era moleque, menino danado, foi expulso da sua terra. Saiu de lá e encontrou, em Fortaleza, na cidade grande, a sua maior paixão a qual se dedicou até os momentos finais de vida: o maracatu.
Em sua última entrevista ao Caderno 3, em fevereiro deste ano, quando estava já inapto para as suas atividades, ele lembrou “no Cedro, tinha uma vida de menino do mato mesmo, mas sempre gostei de folia”. Quando chegou a Fortaleza, na metade da década de 30, foi no bairro do Centro, perto do Passeio Público, que decidiu morar e lá mesmo conheceu o maracatu.
O contato com o cortejo afro se deu, de fato, em 1937, quando Mestre Juca conheceu o grande amigo e lendário Raimundo Alves Feitosa, o Raimundo Boca Aberta, que há pouco menos de um ano havia fundado o maracatu Az de Ouro. Não deu outra, com a ânsia de festejo, ele mergulhou com profundidade na arte brincante das ruas.
Mestre Juca confessava também o fascínio, desde criança, pelo colorido das fantasias de maracatu. O título de Mestre Juca do Balaio veio há cerca de 36 anos, depois que ele pôs o cesto de cipó na cabeça repletos de frutas.
O reconhecimento aos ensinamentos do mestre pelos carnavalescos de Fortaleza é tanto que, em 2003, quando ele completava 80 anos, a agremiação Az de Ouro, sua escola, sua paixão, o fez uma homenagem cantando-lhe loas e com um desfile cujo o título era “Mestre Juca do Balaio, um Artista Cearense, um cidadão brasileiro”.
O maracatu era a sua vida. Ele gostava mesmo, sentia-se feliz na ofício. Tanto que neste ano, na Domingos Olímpio, no carnaval de rua de Fortaleza, no qual ele era o grande homenageado, mesmo sem poder andar, desfilou na cadeira de rodas, sem poder encostar os pés no chão. As lições de amor ao carnaval e ao maracatu permanecerão no legado do Mestre Juca Balaio.