Inácio disputará Senado na estratégia do PCdoB


Nos bastidores da sucessão estadual, poucos são os que admitem uma disputa que não esteja polarizada entre Lúcio Alcântara (PSDB) e Cid Gomes (PSB), com a talvez única incógnita entre os principais partidos acerca da candidatura própria, ou não, do PT. Em meio ao jogo de acomodações políticas, as atenções começam a se voltar para outra das vagas na chapa majoritária – o Senado. O cargo será a principal moeda de negociação nas composições partidárias e as pré-candidaturas à chamada Câmara Alta ameaçam dividir os blocos que estão sendo costurados, tanto entre governistas quanto na oposição.


Lançado pelo PCdoB, no início de fevereiro, como opção para o Senado, Inácio Arruda foi visto com desconfiança depois de ter anunciado a pré-candidatura ao cargo em 2002 e mais tarde acabar recuando, preferindo a segurança de uma reeleição como deputado federal. Aliados confirmam, contudo, que desta vez a candidatura do PCdoB é para valer.


A disposição do PCdoB em lançar a candidatura ganhou impulso em 2004, quando Inácio Arruda foi derrotado na eleição para a Prefeitura de Fortaleza. O plano adquiriu contornos definitivos com a orientação da direção nacional do PCdoB para que os principais nomes do partido, atualmente com mandato de deputado federal, entrem na disputa pelos governos estaduais ou pelo Senado. No Distrito Federal, o ministro Agnelo Queiroz é pré-candidato ao governo. No Rio de Janeiro, Jandira Feghali pretende disputar o Senado, assim como Vanessa Grazziotin no Amazonas. No Ceará, o nome é Inácio.


Parte da disposição do partido em entrar na campanha majoritária se dá em função de uma avaliação interna do PCdoB de que, mesmo com os “medalhões”, o partido não ultrapassaria o índice de 5% de votos para deputado federal em todo o País, percentual estabelecido pela cláusula de barreira. Abaixo do mínimo de votos, a saída para o partido seria conquistar algum governo e eleger pelo menos um senador para elevar seu cacife político. “O PCdoB tem uma presença forte nas articulações políticas, mas ou o partido dá um salto ou não consegue superar a distância abiçal entre a intensa articulação política que realiza e a sua representação na política institucional”, afirma Inácio. Ele reconhece, contudo, a preocupação em tentar o cargo mais valioso e ficar sem mandato, mas disse que desta vez está disposto a pagar o preço. “Não existe política sem risco”.


Internamente, a candidatura conta com a simpatia da prefeita Luizianne Lins, que gostaria de ver o candidato do PCdoB como nome das oposições para o cargo. O acordo passaria pelo apoio de Inácio à reeleição de Luizianne, em 2008. Nas últimas três eleições municipais, Inácio concorreu a prefeito. Outra conveniência para a prefeita do apoio a Inácio seria a retirada do nome de Eunício Oliveira (PMDB), que negocia com os partidos de oposição, mas que não agrada às alas mais radicais do PT, comandadas por Luizianne.



DE OLHO NO SENADO


Dos quatro pré-candidatos, é provável que apenas dois entrem na disputa. As aritculações fervilham em torno da principal moeda de composição partidária nas próximas eleições.


Inácio Arruda (PCdoB)
Sonha em disputar o cargo em uma composição com Cid Gomes (PSB) como candidato ao Governo e o PT indicando a vice. A pretensão pode esbarrar em Eunício Oliveira.


Eunício Oliveira (PMDB)
Assim como o PCdoB, o PMDB tem planos de concorrer a um cargo majoritário. A opção preferencial é o Senado e o nome escolhido é o presidente estadual do partido, Eunício Oliveira. Paralelamente às conversas com a oposição, mantém diálogo com os tucanos.


Moroni Torgan (PFL)
Ontem, durante programa de televisão, foi mais incisivo ao admitir disputar o cargo de senador, embora dentro do partido a preferência seja por concorrer à reeleição como deputado federal. Negocia com o PSDB, mas o PFL também fala em candidatura própria.


Luiz Pontes (PSDB)
É o atual dono do cargo de senador que será disputado este ano. Será candidato em outubro, mas não definiu o cargo. Sobre a possibilidade de abrir mão da sua vaga em favor de uma composição com Moroni ou Eunício, afirma: “Acho que a gente pode conversar”.