“A luta contra a privatização do Banco do Estado do Ceará (BEC) será ampliada a partir de agora, com a nossa central redobrando as mobilizações e os contatos com o governo para que esta estratégica e lucrativa instituição pública seja incorporada ao Banco do Nordeste”, afirmou o presidente nacional da CUT, João Antonio Felício, durante reunião com o presidente da Associação dos Funcionários do BEC e diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará, Erotildes Edgar Teixeira, em São Paulo, quarta-feira ().
O deputado federal Inácio Arruda deu entrada em projeto de lei que propõe a incorporação do BEC pelo BNB. O projeto 6066/2005 já tramita na Comissões de Trabalho, e depois de aprovada deve seguir para as de Administração e Serviço Público; Finanças e Tributação e Constituição e Justiça e de Cidadania.
Durante a reunião da executiva nacional da CUT, Erotildes fez uma rápida explanação sobre a situação do banco estadual, federalizado durante o desgoverno FHC, e que encontra-se em processo de privatização por pressão do ex-governador Tasso Jereissati e do governador Lúcio Alcântara, ambos do PSDB, contando com a conivência do Banco Central.
Entreguismo
“É uma medida entreguista que atende ao interesse dos tucanos Tasso Jereissati e Lúcio Alcântara. A privatização do BEC queima o arquivo da quebra premeditada no período 95-98, que justificou a federalização e o empréstimo feito pelo Estado à União para comprar os ativos podres do banco. Ativos que até hoje só tiveram 7% do seu valor cobrado. Além disso, há o interesse do Tasso de transferir o controle do BEC para o banco norte-americano GE Capital”, denunciou Erotildes.
Erotildes acrescentou que Lúcio Alcântara quer “beneficiar o seu governo com os recursos advindos da privatização, sem levar em conta o desastre social e financeiro que é o desaparecimento do BEC enquanto instituição pública, enraizada em 45 municípios do Estado”.
Negociação
“Diante da negativa do diálogo do governo do Estado em manter o banco com status atual ou reestadualizado, como é do interesse do governador de Santa Catarina com o BESC, que tem contrato idêntico, apresentamos o projeto de incorporação do BEC ao BNB. É uma proposta que conta com a simpatia de todos os setores empresariais, partidos políticos, prefeitos e lideranças sociais do Ceará”, declarou o líder bancário. Erotildes lembrou que o projeto vem sendo alvo de estudos técnicos por parte da direção do BNB que, “conforme declaração do seu presidente, é viável, mantendo toda sua estrutura de rede e os funcionários, desde que o governo federal faça o acerto de contas com o governo do Estado”.
O Sindicato dos Bancários já apresentou o projeto ao Ministério da Fazenda, à Caixa Econômica Federal e ao próprio presidente Lula, faltando apenas se chegar a um consenso, explicou o líder bancário, frisando que “o BEC é proporcionalmente o banco público mais lucrativo do país”.
Os dois leilões marcados pelo Banco Central, em 15 de setembro e 13 de outubro, foram suspensos, em caráter liminar, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF). “Ganhamos tempo até o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) patrocinada pelo Sindicato dos Bancários do Ceará e pelo PCdoB contra a privatização, mas agora precisamos redobrar a pressão. Por isso viemos até a CUT nacional, que já fez e tem feito muito contra a privatização do BEC, para que interceda junto ao presidente da República. Basta que o presidente concorde com o STF, interrompa o processo de privatização e inicie gestões junto ao governo do Estado e ao BNB para que incorpore o BEC”, concluiu Erotildes.
Fonte: CUT