A eleição do presidente da Câmara dos Deputados e o prosseguimento da preparação para o 11º Congresso do PCdoB foram os pontos de pauta discutidos na 37ª reunião da Comissão Política do PCdoB, ontem (), na sede do Comitê Central em São Paulo. Para o Partido, a vitória da candidatura de Aldo Rebelo poderá significar uma interrupção da instabilidade política que atinge o governo, já a derrota fortalecerá a ofensiva da direita.
Candidatura com apoio amplo
A candidatura do deputado federal Aldo Rebelo, inicialmente lançada pelo PCdoB, PT e PSB, vai adquirindo, nesta curta e acirrada disputa, um apoio cada vez mais amplo. Além dos partidos de esquerda, dos setores partidários da base do governo, o apoio se alarga a parlamentares de um leque variado de agremiações com assento na Câmara. ”A candidatura objetivamente assumiu o papel de retomada das articulações visando recuperar a autoridade política da Câmara e paralisar a atual instabilidade política ”, avaliou Renato Rabelo ao analisar esta disputa no âmbito da crise em curso no país.
“Os comunistas não podem se dar ao luxo de ser enganados. Temos que ter clareza sobre o pano de fundo da atual crise: trata-se de uma dura luta política pelo poder. Sua evolução demonstra que ela está, cada vez mais, circunscrita ao objetivo de atingir o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e desestruturar seu partido, o PT. Não se trata de crise geral. As instituições funcionam e a economia não foi atingida. O que ocorre é que a direita quer colocar Lula como refém. Há muita coisa fabricada pela mídia, que já por quase cinco meses, tem sido um instrumento de ataque permanente ao governo”, disse Renato.
“Mesmo com essa campanha sórdida da direita, Lula continua à frente nas pesquisas. O que a direita pretende é voltar ao poder central do Executivo, desmoralizar o governo e abater o PT”, afirmou o presidente do PCdoB. E lertou: “Se a direita ganhar a presidência da Câmara, vai utilizá-la para consolidar e ampliar suas possibilidades na disputa das eleições de 2006”.
Ofensiva contra a esquerda
O presidente do PCdoB denunciou a existência de uma ofensiva direitista “que visa desmoralizar a esquerda, mostrá-la como incompetente e incapaz de governar. As comissões parlamentares de inquérito no Congresso estão sendo um instrumento meramente político da oposição, sem um foco definido, emboladas umas nas outras. O presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), admitiu, dia 2 de agosto, que sua campanha à reeleição do governo do Estado em 1998 teve caixa dois, mas foi blindado pela direita e pela imprensa, assim como parlamentares do PFL”.
Para os comunistas, há a necessidade premente de paralisar a instabilidade política, adversa ao governo Lula, e refazer a alternativa de mudanças prementes de que a sociedade brasileira carece. “Quanto à paralisia da instabilidade, o Partido se empenha na rearticulação da esquerda, inclusive promovendo encontros com o PSB e o PT, e na reconstrução da base governista no Congresso, o que levou ao lançamento da candidatura de Aldo Rebelo para presidir da Câmara Federal – uma candidatura de consenso desses partidos para enfrentar o candidato da direita, José Nonô, do PFL, e outras candidaturas dispersas”. Neste enfrentamento, avaliou, as grandes empresas de comunicação cumprem papel claramente oposicionista, tentando desacreditar e desmoralizar a candidatura de Aldo.
Alternativa das mudanças
Renato considera que refazer “a alternativa das mudanças, repactuar o projeto nacional, democrático, desenvolvimentista, com valorização do trabalho” é o outro grande desafio colocado no momento. “É necessário destacar que a atual política macroeconômica resulta na transferência de renda para o setor financeiro”, apontou.
“Hoje, a resistência ao sistema neoliberal requer o debate do projeto de país e a rearticulação da esquerda e recomposição das alianças de centro-esquerda. Além disso, é fundamental que o movimento social se mobilize em torno do projeto desenvolvimentista e de valorização do trabalho, como forma de pressão para garantir o rumo mudancista que pleiteamos para o governo”, disse ainda.
O presidente do PCdoB considerou que a campanha presidencial de 2006 “ainda está distante para a definição de candidatura e a decantação de campos em disputa” mas, por outro lado, “está perto, porque precisamos estabelecer alianças e amadurecer o nosso projeto político e eleitoral”.
A Comissão Política fez uma breve discussão desse ponto de pauta – a reunião foi realizada especialmente para debater a fase final do 11º Congresso do PCdoB, que se reúne de 20 a 23 de outubro, em Brasília. Dando sequência à preparação do Congresso, a Comissão Política debateu o balanço do trabalho da direção nacional no último quadriênio e deu início às discussões sobre os critérios e composição do novo Comitê Central. Esse trabalho prossegue na próxima reunião da CPN, no próximo dia 3.