A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) convocou para o próximo dia 16 uma importante manifestação pública em Brasília, tendo como bandeiras a defesa da democracia, a justa apuração das denúncias de corrupção e de cobrança pela realização dos compromissos de mudança.
Ao nosso ver, no contexto da crise que o país vive, este evento se constituirá num grande ato de apoio ao presidente Lula e, por conseguinte, de repúdio às maquinações golpistas da oposição conservadora.
No dia seguinte, 17, um conjunto de forças travestidas de “esquerdas”, aparadas e infladas pelo esquema direitista-conservador, sairá também na capital federal como porta-estandarte da “ética” na política, derramando fel e no fundo engrossando o coro da direita neoliberal que exige a saída de Lula.
A preparação desses dois acontecimentos demonstra de forma didática o caráter da luta política em curso – os seus dois lados -, que fornece a verdadeira dinâmica encoberta pela crise política vivida pelo país. Em última instância, o objetivo imediato para as elites dominantes não é propriamente de defesa da ética, porém, mais precisamente, de convencer a nação que chegou o fim da experiência de governo liderada por Lula, elevando a onda do “arrasa-PT”, atingindo objetivamente toda a esquerda. É a revanche que as forças reacionárias queriam para preparem a sua volta.
No Brasil, as forças conservadoras procuram manter o poder real, desde a base econômica até superestrutura política, não importando quem esteja no Palácio do Planalto. Mesmo com a grande vitória de Lula na disputa presidencial, esse êxito não reuniu uma maioria de esquerda para governar o país além dos do que os governos dos maiores Estados mantiveram-se com as forças tradicionais conservadoras.
O aparato e o padrão econômico têm a sua hegemonia. Sabíamos que o sistema conservador-reacionário, numa situação em que não pôde impor completamente os seus desígnios, com a vitória das novas forças em 2002, agiu primeiro procurando envolvê-las, e ao mesmo tempo, expeli-las aproveitando-se dos seus movimentos em falso ou de seus erros.
Na luta política, para não se perder, temos que escolher em determinados momentos o motivo maior que possibilite ganhar força para impedir o revés. Apesar das dualidades, contradições e mesmo das cedências do governo Lula, assinalados há muito pelo PCdoB, dos limites e erros do partido governista principal, o PT, o que temos diante de nós, realmente, é a execração de uma “experiência de esquerda”, explorada no conceito convencional imposto pela dominância do sistema, fadada a ser estigmatizada de ora em adiante, para “vacinar” o povo contra governos sob a direção da esquerda. Antes de tudo, não se pode confundir na “lambança” enaltecida pelos meios midiáticos, para confundir, e levar a prevalecer o status quo.
Hoje, no Brasil, as chamadas “terceiras vias, de esquerda”, na correlação de forças predominante, são ilusórias. Seriam como uma “terceira margem de um rio”. São pretensas alternativas que servem concretamente à tendência dominante conservadora, por mais bem intencionadas que sejam. O inferno está repleto delas.
Não temos ilusões, à medida que Lula se reaproxima dos movimentos sociais, ou tenta responder aos anseios populares e firmar sua linha externa de integração sul-americana e parcerias estratégicas, na agudeza da luta política atual cresce a onda fabricada pelo sistema, que realmente domina, para expeli-lo do centro do poder.
Não é por acaso que FHC e seus tucanos, os pefelistas posando de vestais, a esquerda extremista com todas suas variantes e os oportunistas de vários matizes e plumagens se reúnem tacitamente na mesma trincheira para exigir a saída de Lula. O “príncipe” FHC já não esconde seus verdadeiros intentos de se livrar de Lula. O fato de Lula resistir, falar aos seus semelhantes e se dirigir diretamente às suas origens incomoda profundamente a essa gente.
Não somos cegos, nem ingênuos, muito menos oportunistas. A luta está aberta e declarada. O nosso lado é do fica Lula, da nova experiência que começa, apesar dos seus limites, não à volta ao passado predador para o povo. Desmascarar a onda conservadora, pajeada pela “esquerda”, dita radical, que já perdeu o senso de orientação, é a nossa tarefa.
O nosso lugar é no dia 16, dia da resistência à onda conservadora, à dominância do patriciado histórico brasileiro e de luta para fortalecer a mudança, ao lado da maioria da nação. Mobilizemos os que estão de pé e não se perderam apesar da “confusão” reinante, convençamos os vacilantes. A resistência é a preparação da ofensiva.