Cúpula América do Sul/Países Árabes: novos parceiros para o Brasil


         Começa nessa terça-feira (), a primeira Cúpula América do Sul – Países Árabes, que reunirá em Brasília chefes de Estado e de governo, ministros e chanceleres de 34 países das duas regiões – iniciativa inédita liderada pelo governo brasileiro. Os números do encontro impressionam: presidentes e autoridades de primeiro escalão de todos os países sul-americanos participarão da Cúpula. Do mundo árabe virão presidentes, primeiros-ministros, reis e príncipes dos 22 países da região.
          Ao todo serão cerca de dois mil participantes, entre chefes de Estado, empresários, parlamentares, autoridades, acadêmicos e artistas das duas regiões. A expectativa é que, depois do encontro, o volume de negócios entre sul-americanos e árabes se multiplique – gerando empregos e divisas para as duas regiões. O palco para estes contatos será a Feira de Investimentos que acontece paralela à Cúpula de Chefes de Estado e Governo, no recém-inaugurado Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
          Para se ter uma idéia, apenas com a visita do presidente Lula a cinco países árabes em 2003, as relações comerciais entre as regiões aumentaram em 50% e chegaram a 8,1 bilhões de dólares em 2004. “Imaginemos então o potencial que tem um encontro do porte da Cúpula que começa em Brasília, com tantos chefes e Estado, autoridades e empresários reunidos”, avalia o deputado federal Jamil Murad, secretário-geral da Liga Parlamentar Árabe Brasileira.


Estreitando relacionamento


          Entretanto os benefícios desta aproximação vão muito além das relações comerciais e estendem-se às relações políticas, tecnológicas, acadêmicas e culturais. E não era sem tempo, já que a maior colônia árabe do mundo está no Brasil. São cerca de 7% da população brasileira, o que corresponde a nada menos do que 12 milhões de pessoas.
          Tudo começou no final do século 19, quando os primeiros imigrantes árabes aportaram no Brasil em busca de oportunidades e uma vida melhor para seus filhos e netos. Sem terras para plantar, os árabes não tiveram dificuldades em se dedicar ao ofício que os deixou famosos no mundo inteiro: o comércio. E foi como mascates, vendendo seus produtos de porta em porta, que muitos recomeçaram a vida e criaram seus filhos em terras brasileiras.
          No entanto, a aproximação entre o continente sul-americano e os árabes tem mexido com grandes interesses econômicos e políticos. Notadamente os Estados Unidos e países europeus, que sempre ganharam muito dinheiro como intermediários das relações comerciais entre as duas regiões – os norte-americanos queriam, inclusive, participar como observadores do encontro. O pedido foi negado pelo governo brasileiro.
          “O Brasil está dando um grande passo em sua política externa ao adotar uma postura mais independente e soberana diante do mundo. Afinal, por que utilizar-se de intermediários se podemos fazer negócios diretamente com os países árabes?”, questiona Murad.
Os países árabes compram frango, trigo, açúcar, carne bovina e minério de ferro do Brasil. Mas podemos fornecer muito mais, inclusive produtos de alta tecnologia, como ônibus e aviões.
Vários deputados e senadores participantes da Liga Parlamentar Árabe Brasileira participarão de atividades do encontro. O deputado federal Jamil Murad, secretário-geral da Liga, é o único parlamentar convidado para o jantar que o presidente Lula oferecerá aos chefes de Estado e governo dos países árabes e sul-americanos durante o encontro.