Ceará despede-se de pólo bancário


Bancesa, Banfort, Banco Mercantil do Ceará (hoje Banco Mercantil de Crédito). A vocação mercantilista do Ceará fez com que o Estado chegasse, na década de 70, a ser base de cerca de 20 bancos formando um quadro de cerca de 8 mil pessoas. O deputado Inácio Arruda (PCdoB), afirma que o Governo Lula cometerá um grande erro se persistir na tentativa de privatizar o BEC


O coordenador da bancada cearense no Congresso Nacional, deputado Inácio Arruda, afirma que Governo Lula cometerá um grande erro se persistir na tentativa de privatizar o BEC. ‘Os governos de Tasso e Fernando Henrique abriram caminho para sua efetiva privatização mas o governo do PT não pode concretizar esse ato. Na opinião do parlamentar, entregar o patrimônio do BEC a iniciativa privada é comprometer os investimentos públicos e a indução do desenvolvimento do Estado.
Quem também critica a privatização é o advogado Lúcio Paiva, ex-executivo de instituições bancárias como o Banco Cearense do Comércio e Bancesa. Ele diz que o BEC é o penúltimo banco com sede no Estado a ser ‘engolido’ por um dos grandes conglomerados bancários brasileiros que hoje dominam o mercado. ‘Isso vai acontecer pela fraqueza das lideranças das classes empresariais e políticas do Ceará’, afirma. Se o BEC for mesmo privatizado restará só o Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Na década de 70, o Estado chegou a ter cerca de 20 bancos com sede aqui. Paiva considera que o expressivo número de instituições bancárias se deveu à vocação empreendedora e mercantilista do cearense. Conta que esses bancos regionais absorviam mais de oito mil empregos, traziam desenvolvimento e facilitavam as operações de empréstimos, por exemplo.
Entre os grandes banqueiros, Paiva destaca o coronel João Gentil, do Banco Frota Gentil, e José Pascual Milan, tido como o mais bem informado da praça. Ele comandava o Banco Cearense do Commercio e Indústria S.A. Este banco posteriormente foi comprado pelo Banco Industrial do Cariri, dos irmãos Adauto e Humberto, que depois virou BicBanco e hoje tem sede em São Paulo. Outro banco citado pelo advogado foi o Banco Mercantil do Ceará, de Jaime Pinheiro, que virou Banco Mercantil de Crédito (BMC).
Outras instituições que foram conhecidas dos cearenses: Banco de Sobral, posteriormente Banco do Ceará S/A (Bancesa), Banco União, Banco Parnaíba, Banco Popular de Fortaleza, da Diocese, que terminou na mãos da família Sancho e virou Banfort (liquidado), Banco dos Proprietários, Banco dos Importadores e Exportadores e Banco de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Bandece) que foi absorvido pelo BEC.
O POVO tentou ouvir os bancos que concorrem a compra do BEC para saber as razões do interesse pela compra e os planos futuros, mas não obteve êxito. Apenas o Unibanco respondeu por meio da sua assessoria que ‘a participação do banco no processo de privatização do Banco do Estado do Ceará está alinhada com a política estratégica do Unibanco de busca permanente por oportunidades de crescimento’.
O Bradesco informou que não fala sobre o assunto. O Itaú, que como o Bradesco já adquiriu quatro bancos estaduais, diz que só se pronuncia sobre suas aquisições depois de concluídas as negociações. A assesoria do GE Capital, que é um dos maiores bancos do mundo atuando principalmente na área de financiamentos, também não quer se manifestar sobre o interesse em adquirir o controle acionário do BEC. (AD)
Bancesa, Banfort, Banco Mercantil do Ceará (BMC, hoje com sede em São Paulo). O Ceará chegou a ser base de cerca de 20 bancos com um quadro de cerca de 8 mil pessoas.



FIQUE ATENTO


– Quando precisar de entidades de defesa do consumidor, procure aquelas já reconhecidas para fazer valer seus direitos
– No site www.forumdoconsumidor.org.br existe uma lista das entidades de defesa do consumidor de todo o País e com vários focos de atuação
– Antes de se filiar a uma instituição, verifique seu estatuto e analise se a mesma está filiada a escritórios de advocacia ou empresas
– Analise bem as propostas das empresas para a solução de temas populares, como restituição das perdas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) relativas aos planos Collor e Verão ou o fim da assinatura de telefonia fixa
– No site www.dpdc.gov.br também é possível encontrar uma lista de entidades de defesa do consumidor e dicas sobre os direitos
– Se desconfiar do desvirtuamento da atuação de alguma entidade, uma alternativa é checar na Procuradoria Geral de Justiça. Telefone: () 3452-3716



O POVO tentou ouvir os bancos que concorrem a compra do BEC para saber as razões do interesse e os planos futuros mas não obteve êxito. Apenas o Unibanco respondeu através da sua assessoria que ‘a participação do banco no processo de privatização do Banco do Estado do Ceará está alinhada com a política estratégica do Unibanco de busca permanente por oportunidades de crescimento’.
O Bradesco informou que não fala sobre o assunto. O Itaú, que como o Bradesco já adquiriu quatro bancos estaduais, diz que só se pronuncia sobre suas aquisições depois de concluídas as negociações. A assesoria do GE Capital, que é um dos maiores bancos do mundo atuando principalmente na área de financiamentos, também não quer se manifestar sobre o interesse em adquirir o controle acionário do BEC. (AD)