1ª edição do projeto ‘Ciência na Praça’ movimenta a Praça do Ferreira, em Fortaleza


Robótica, experiências, sabedoria popular e muita ciência puderam ser conferidas gratuitamente em plena Praça do Ferreira, durante a primeira edição do projeto “Ciência na Praça”. Na abertura do evento, que aconteceu na última sexta-feira (10/3), o secretário da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Inácio Arruda, destacou a importância da atividade. “Estamos fazendo um esforço sem igual para popularizar e democratizar a ciência para que, através dela, haja a melhoria da qualidade de vida dos cearenses. Não há, em lugar nenhum no mundo, investimento mais significativo do que em educação e conhecimento”, disse.

Quem passou pelo Centro de Fortaleza pode ter um contato direto com a ciência. No estande do Geopark Araripe/Urca houve espaço para o conhecimento sobre a fauna e a flora cearense e a preservação de espécies, a exemplo do soldadinho do Araripe, pássaro em extinção e símbolo da região do Cariri.

Outra atração que chamou muita atenção dos visitantes foi o robô NAO, modelo “humanóide” levado pela Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará (Nutec) à Praça do Ferreira. NAO fala e entende 22 idiomas e realiza tarefas simples, como identificar seu dono e cumprimentar pessoas. “O mesmo protótipo já é bastante utilizado em países como Alemanha, no apoio a idosos e crianças com autismo ou síndrome de Down, ajudando na evolução e no restabelecimento da saúde. Existem modelos semelhantes que auxiliam na prática de várias atividades: no Japão, há escolas que usam robôs para simular movimentos a serem replicados pelos alunos nas aulas de Educação Física”, explicou o técnico Renato Zimmermann.

No meio da praça, uma máquina reproduzia, em três dimensões, imagens enviadas por um computador – quem visitou o estande do Instituto de Tecnologia da Informação do Ceará (Itic) conheceu melhor as funcionalidades da impressora 3D. “Ela pode auxiliar no estudo da ciência e também na área da saúde, com a reprodução de próteses para implantes em seres humanos”, destacou o técnico Aluísio Cavalcante.

Durante a mostra de empresas beneficiadas pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) foram apresentados os aplicativos escolares Agenda Kids e Agenda Teen, que ajudam na comunicação entre escolas, alunos e responsáveis de forma online e instantânea.

A mostra do Projeto Ceará Faz Ciência levou experimentos de ciência agregados à prática e realizados por alunos de Ensino Fundamental e Médio de escolas públicas do Estado. Já o Laboratório de Microbiologia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) apresentou resultados de testes sobre a qualidade do ar em ambientes externos e internos e alguns modelos de parasitas que atingem seres humanos. Os visitantes puderam observar, por um microscópio, o fungo penicillium, que deu origem ao primeiro antibiótico do mundo, a penicilina. Experimentos químicos, físicos e biológicos sem a necessidade de equipamentos caros foram mostrados pela Seara da Ciência/UFC.

O Projeto Intercaju realizou uma mostra de produtos derivados do caju. Os visitantes provaram castanhas fritas na hora e souberam mais informações sobre a iniciativa que vem fomentando a cajucultura do Ceará.

O ônibus-laboratório do projeto Ciência Itinerante também esteve na praça e foi palco para a realização de experimentos científicos nas áreas de Química, Física, Biologia e Tecnologia da Informação.

Mesas temáticas e oficinas

Em outro local da Praça do Ferreira, no prédio da Universidade do Trabalho Digital, houve oficinas de programação em PHP e de robótica, prototipagem e confecção de placas de circuito impresso. Também ocorreram mesas redondas sobre os temas: alfabetização e letramento científico; ética, ciência e tecnologia; e pesquisas tecnológicas para o desenvolvimento social.

Sabedoria popular com os profetas da chuva

O conhecimento científico e o popular se encontraram na programação. Os chamados “Profetas da Chuva”  participaram da mesa temática Pesquisas Científicas Pluviométricas (Funceme) e Saberes Populares da Natureza. Eles são homens comuns, com profissões comuns, mas que receberam de seus antepassados – pais e avôs – o legado de profetizar sobre a chuva. Cada um deles tem um método para prever as precipitações, mas todos convergem em usar dos elementos da natureza para suas previsões.

Paulo Costa de Oliveira, 72, é um dos profetas, seu método de previsão é a observação dos ventos. Durante o período em que esteve na mesa temática ele contou um pouco de sua história. “Tenho muito orgulho de ser sucessor de meu pai fazendo o que eu faço”, declarou. Para este ano, todos os profetas foram otimistas em anunciar que vai chover no Nordeste.

O projeto “Ciência na Praça” foi aprovado por quem visitou o local. “A ciência é libertação e desenvolvimento. Quando há a troca do conhecimento popular e da academia, todos ganham. Acho importante esse tipo de iniciativa porque os ensinamentos não ficam dentro de uma faculdade, de uma instituição. Eles têm que ultrapassar os muros”, destacou o contabilista Antonio César Lima, de 62 anos.

Espaços públicos e com grande movimentação de pessoas são o foco do projeto “Ciência na Praça”. Novas edições deverão ser realizadas em breve.

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