Condenados, um filme argentino para ficar na memória


Condenados, um comovente filme argentino do cineasta Carlos Martínez, retrata o tormento que viveram milhares de presos políticos no cárcere de La Plata, onde muitos encontraram a morte durante a última ditadura cívico-militar argentina (1976-1983).
A fita que já foi apresentada nas recentes edições dos festivais de Cannes, no Mar del Plata e de Punta del Leste, estreia nesta quinta-feira (27) em várias salas de Buenos Aires e na cidade de La Plata.

“Com ela queremos contribuir para manter viva a memória do terror que viveu a Argentina nesses anos, e para que os jovens aprendam a apreciar a democracia que hoje vivemos”, manifestou o diretor na première que organizou na noite desta quarta-feira (26).

O Ministério de Relações Exteriores e de Cultura tem contribuído para promover internacionalmente o filme como um documento testemunhal, e acolheu a pré-estreia no marco do Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça, comemorado pelos argentinos na última segunda-feira (24).

Condenados, baseado em fatos reais e filmado nos mesmos recintos onde aconteceram os macabros fatos, conta a história de um grupo de presos políticos, uns acusados de serem peronistas subversivos e outros de pertencerem ao movimento guerrilheiro Montoneros.

Na prisão de La Plata, como parte da política de terror dos militares, os acusados de serem os líderes foram separados em dois pavilhões da morte, e no meio confinavam os demais.

Estiveram condenados, mas nunca foram julgados, e não só muitos deles foram assassinados, como também desapareceram os familiares, entre eles: esposas, maridos, mães, pais, irmãs e irmãos.

Esse procedimento sistemático de desaparecimento e morte de familiares de prisioneiros não é um tema muito explorado. “O propósito do filme é justamente este, difundir o fato para que jamais volte a acontecer”, destacou o diretor.

O filme relata de forma muito fiel os sequestros e mortes, a luta pela vida e pela dignidade que se renovava dia após dia com o talento e o humor típicos dos militantes sociais.

Passados 32 anos, os executores dos crimes foram julgados e condenados em 2010, como parte da política de justiça e direitos humanos.

 

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