De Nova Olinda para o Brasil: Espedito Seleiro faz sucesso no país


Seu Espedito aprendeu o trabalho que desenvolve até hoje com seu pai, que teve Lampião como cliente
 “Casa de pai, escola de filho.” É assim que Espedito Velozo de Carvalho, mais conhecido comoEspedito Seleiro, 73, começa a contar sua história. Ele tinha 8 anos quando começou a ajudar o pai na oficina e hoje, tem seu trabalho feito no interior do Ceará reconhecido em todo Brasil.
No ano de 1971, após o falecimento do pai, ele saiu de sua cidade natal Arneiroz – a 340 quilômetros de Fortaleza – e partiu com a mãe e os 9 irmãos para Nova Olinda (distante 390 KM da capital), onde vive até hoje. Lá ensinou toda a família a desenvolver o trabalho que aprendeu com o pai e o avó e em união passaram a se sustentar sem a ajuda do seu progenitor. “Eu e meus irmão ficávamos na oficina e nossa mãe era responsável pela “boia” que deixava a gente em pé.”, diverte-se.

Durante alguns anos a família desenvolveu peças para vaqueiros, mas com o passar do tempo as vendas começaram a diminuir deixando Seu Espedito aperreado, como ele mesmo conta. “Precisava de uma ideia pra mudar as coisas e acabar os problemas das vendas.”, detalha.

Até que o pedido de um amigo mudou tudo. “Um amigo perguntou se eu sabia fazer uma sandália estilo cangaceiro. Eu lembrei que meu pai já tinha feito sandálias assim. Peguei os materiais antigos dele e fiz a sandália pro meu amigo.” A sandália que o pai de Seu Espedito havia feito no passado, foi para o cangaceiro mais famoso de todos: Lampião. E ele conta que o pai ficou com tanto medo do “rei do cangaço”, que nem aceitou que Lampião pagasse pela encomenda.

As criações de Seu Espedito mudaram, mas ele nunca perdeu a essência e o estilo. A oficina passou a desenvolver bolsas, sandálias, cintos, carteiras, botas, sapatilhas, chaveiros e até cadeiras. Mas até hoje ele ainda continua desenvolvendo selas e peças para vaqueiros.

Fama

As peças ficaram tão famosas que no ano de 2005 fizeram parte do desfile da marca Cavalera noSão Paulo Fashion Week. E sua fama não parou por ai. Seu Espedito também desenvolve peças para novelas, filmes e peças de teatro. Mas o momento que conta com mais alegria, foi quando fez as roupas que o ator Marcos Palmeira usa no filme “O homem que desafiou o diabo”. “Recebi a encomenda e não sabia nem quem ia usar, me passaram as medidas por fax e eu fui pegando ideia com todo mundo, até ficar pronto. E quando o ator vestiu ficou perfeito, parecia até que eu tinha visto ele pra fazer a roupa”, orgulha-se.

 

Trabalho em família

Hoje Seu Espedito descreve seu trabalho como uma associação familiar, onde todos vivem das peças que são confeccionadas.“O tempo foi passando e hoje tá todo mundo com a cabeça branca, mas ninguém nunca se separou e nem parou de trabalhar.”, conta. E até alguns vizinhos também ajudam na oficina que sempre está cheia de encomendas.

Futuro

O seleiro já começou a construção de um pequeno museu do couro, onde pretende expor suas criações mais brilhantes e as criações do seu pai que ele guarda até hoje. “Se eu não fizer isso, daqui cem anos ninguém vai saber quem eu fui e o que meu trabalho representou”, explica.

Fonte: Tribuna do Ceará

 

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